A eliminação da seleção brasileira nas oitavas da Copa do Mundo de 1990 para a Argentina ainda era uma dor palpitante —e também motivo de grande reflexão sobre os rumos do esporte no país após seguidos insucessos. Mas este momento de futebol no divã não foi um privilégio verde-amarelo: o Mundial ficou marcado pela menor média de gols da história, pelo sucesso das retrancas e pela mediocridade generalizada simbolizada numa Argentina finalista com cinco gols. Só a campeã Alemanha se salvou.
Mas o que tudo isso tem a ver com o Campeonato Paulista?
Bom, o ano de 1990 marcou uma espécie de depressão do futebol em São Paulo, no Brasil e no mundo. Mas Bragantino e Novorizontino, com projetos sólidos de futebol, craques em formação e treinadores que fariam muito sucesso depois dali, nada tinham a ver com todo o contexto. Até admitem o "relaxamento" dos grandes clubes de São Paulo, mas souberam trabalhar e chegar a uma final inédita e histórica, que hoje (26) completa 30 anos.
Depois de sucumbir, o quarteto poderoso se aproveitou dos frutos da final caipira: Nelsinho Baptista, técnico do Novorizontino, assumiu o Corinthians e foi campeão brasileiro no próprio ano de 90. O São Paulo teve Pintado em seu ciclo de conquistas nos anos seguintes. O Santos teve os dois goleiros finalistas no elenco. E o Palmeiras saiu da fila com Vanderlei Luxemburgo, campeão da final caipira pelo Bragantino. Ufa! Tem outros nomes, também...
Não foram só as potências paulistas a desfrutar. A seleção brasileira, mesmo, chegou a escalar até seis atletas do time de Bragança no ciclo rumo ao Mundial dos Estados Unidos e mais dois do clube de Novo Horizonte. Na conquista do tetra, um representante de cada foi titular na final contra a Itália.
Agora essa parece uma realidade bem distante. Exatamente três décadas depois de o Campeonato Paulista consagrar um campeão inédito em uma decisão extraordinária, o futebol deu suas voltas: ficou mais difícil um treinador levar tijolos dentro do próprio carro para obras do clube ou "confiscar" a moto recém-comprada de um destaque do time. Também não há mais convocações para a seleção de jogadores do interior. Bragantino e Novorizontino então, como mudaram! Só os regulamentos exóticos que não perdem a vez.
Bem-vindo à história. Mas aqui, ela puxa o "r".