O Paris Saint-Germain é um clube jovem, criado em 1970 por meio da fusão entre o Paris FC, e o Stade Saint Germain. O projeto era dar à capital francesa um grande clube de futebol. Seguindo um conselho de Santiago Bernabéu, então presidente do Real Madrid, três dirigentes franceses chamados Crescent, Guyot and Patrelle realizaram uma vaquinha para formar o clube.
Apesar de ter surgido com a ambição de ser o grande time da França, o PSG demorou a se firmar no cenário nacional. Quando tinha menos de dez anos de existência, suas cores foram defendidas por um brasileiro. "Carlôs", como era conhecido, atuou como líbero em Paris entre 1979 e 82. No Brasil, ele atende por Abel Braga, ou Abelão. "Não era nem Abel nem Braga. É que meu nome é Abel Carlos", explica o hoje treinador.
"Notava-se perfeitamente que era um clube jovem, inclusive com pelo menos de 40% dos jogadores titulares bem jovens, com muitos africanos ou descendentes, que atuam muito no futebol francês. Eu tinha 26, 27 anos. O maior jogador do time era o Dahleb [atacante argelino, era o maior artilheiro da história do clube até ser batido por Zlatan Ibrahimovic]", relembra Abel. "Sentia-se que era um time que não tinha força de camisa. Paris, por toda essa grandeza cultural que tem, dava uma ênfase muito grande a Roland Garros [torneio de tênis], mas sentia-se que faltava o futebol."
Abelão viveu no PSG uma realidade bastante diferente da atual, de estrutura bilionária, mas conta que sempre identificou no time parisiense a ambição de grandeza, desde os primeiros anos, ofuscados por clubes como o Bordeaux ou o Saint-Étienne de Platini.
"A gente começou a perceber que existia vontade da diretoria, que aquele clube iria em determinado momento melhorar. O Centro de Treinamento, na época, era alugado. Um campo oficial, dois ou três de treinamento, nada espetacular, mas era suficiente", diz. "O treinador quando cheguei era um iugoslavo, o Vasovic. Ele falava: 'você é o patrão da defesa'. Eu jogava como líbero. Na minha estreia, perdemos para o Sochaux. O segundo jogo foi contra o Olympique de Marselha, que era um timaço. Saímos perdendo e conseguimos a virada, eu fiz um gol".
Abel deixou o PSG em 1981, depois de curtir uma breve fase de artilheiro, até começar a ter problemas com uma lesão no joelho. "Houve um momento em que todos os atacantes se machucaram, todos. O treinador questionou como escalaria o time. Falei: 'eu jogo'. Foram seis jogos, e eu marquei gol em cinco (risos). Depois os caras se recuperaram e eu falei: 'não quero mais jogar aqui, não, tomo muita porrada', E eu gostava era de dar. Aí depois de um tempo senti o joelho de novo. Decidi voltar para o Brasil".
O PSG viveu altos e baixos. Foi a casa de muitos brasileiros e conquistou dois títulos nacionais, em 1986 e 94. Viveu também tempos conturbados, de "vacas magras". Com o pesado investimento qatariano, o cenário se transformou de vez. Com sete títulos franceses nas últimas oito temporadas, o PSG chega, pela primeira vez em sua história, à final da Liga dos Campeões.