"Eu evito lugares, pessoas e ambientes. Hoje eu não posso beber um copo de cerveja porque já aciona um gatilho. O corpo pede a droga. Quando eu bebo um copo, automaticamente me dá vontade de usar droga. Já vivi essa experiência: 'não posso usar cocaína, mas posso beber uma cerveja'. Eu bebi um copo de cerveja e a primeira coisa que eu fiz foi buscar R$ 50 em droga. Hoje, já me policio.
Eu não ando com dinheiro. Nunca. Se eu estiver sozinho e tiver R$ 10 na carteira, eu sei que vou atrás da droga. Já aconteceu de ter uns R$ 20 na carteira e ficar pensando. A minha mulher percebeu e disse: 'A partir de hoje você não anda mais com dinheiro na carteira'.
A cabeça de um adicto, de um dependente químico, não para. Estou conseguindo, mas não é fácil, não. É um leão. Dois leões. Três leões por dia. A droga me causou tanto estrago e me prejudicou tanto que hoje eu tenho medo de andar sozinho.
Tem horas que eu tenho muita vontade de usar droga. A minha mulher Cibele fica grudada em mim 24h por dia. Se eu vou ao banheiro, se eu for na rua colocar um lixo para fora, ela está atrás de mim. Aonde quer que eu vá. Sem esse suporte, minha queda seria certa."