Eu quero sempre fazer as coisas da melhor maneira possível. Às vezes eu não conseguia ser igual às minhas irmãs que tinham outros objetivos. Enquanto eu joguei vôlei, eu não consegui aproveitar a vida. A minha cabeça era voltada 24 horas por dia para o meu corpo, alimentação, descanso.
Talvez tenha sido a maneira como meu pai me criou. Eu não relaxava, não aproveitava e, quando vi, o tempo tinha passado. Parei um ano da minha vida, aos 39, para pensar se queria ficar no vôlei, se sentiria saudades. Naquela época, não passou na minha cabeça planejar ter um filho. É uma coisa que a gente, eu e meu marido, deixou acontecer.
Eu fui campeã olímpica com 38 e parei de jogar com 45. As coisas aconteceram muito tarde na minha vida. Quando parei de jogar, aos 45, a gente tentou e não aconteceu. Então foi algo que a gente desencanou e acabou não sendo mais prioridade na nossa vida. Quando conheci o João Márcio, deixei claro que minha prioridade na vida era o vôlei.
Eu tive que fazer escolhas e entender o que estava acontecendo comigo deixando claro para o meu marido. Quando não aconteceu, a gente também ficou bem resolvido em relação a isso É uma escolha que tive que fazer. E eu tive filhos de todas as idades. Meus sobrinhos supriram essa fase de não ter filho. Acabou que esse sentimento eu passei tudo para meus sobrinhos.
Meu nome é Hélia Rogério de Souza Pinto, mas ninguém me conhece assim... nem eu mesma me reconheço por esse nome. A Hélia não existe mais, eu tive que tirá-la de dentro de mim quando minhas bolas começaram a virar na quadra. Deixei de ser a Helinha insegura e anêmica. Eu virei a Fofão, a levantadora, a campeã olímpica.