Quando entrei em depressão, não tinha ninguém por perto. Se eu tivesse, ao menos, alguém para abraçar, talvez tivesse sido diferente. Talvez a proporção das coisas tivesse sido menor, ou, quem sabe, eu tivesse sido diagnosticada antes com essa doença que, como qualquer outra, precisa de tratamento. Se eu pudesse ao menos renovar a energia com o abraço de alguém que estivesse ali... Mas não pude. Ninguém estava ali.
Eu tinha 19 anos e havia acabado de assinar um contrato de temporada com o Jeonbuk, da Coreia do Sul. Estava longe de casa e isso dificultou que as pessoas percebessem a gravidade da situação. Eu era uma menina com saudade da família. Era a isso que limitavam a tristeza que eu sentia.
Lá, a pressão é muito grande e o tratamento não é dos mais humanos. Na Coreia do Sul, a jogadora é uma máquina: não pode se machucar, não pode errar e é cobrada constantemente. Eu era paga para resolver problemas. Quando fui contratada, o Jeonbuk não tinha títulos ainda, o que tornava a pressão ainda maior. Tudo isso junto à falta que eu sentia da minha família começou a me enlouquecer. Comecei a não dormir.