Dezesseis anos depois da "Batalha dos Aflitos", o inexplicável volta à vida do Grêmio. Tão impactante quanto aquela vitória fora de casa contra o Náutico, para garantir o acesso com apenas sete jogadores em campo, o terceiro rebaixamento da história gremista era inimaginável, mas aconteceu mesmo após uma vitória sobre o Atlético-MG na última rodada.
Inimaginável, entre tantos motivos, por atingir um clube sem problemas financeiros. Se a ausência de dinheiro foi parte relevante do roteiro para a queda de outros grandes do Brasil, a versão 2021 do time gaúcho conseguiu algo inédito —até uma proeza. Sim, o Grêmio vai jogar a Série B depois de pagar folha salarial de cerca de R$ 15 milhões mensais, rigorosamente em dia, ao longo do ano. E o clube podia gastar. Afinal, nos últimos cinco anos, arrecadou mais do que gastou, com cinco superávits seguidos. No meio da temporada, além disso, a direção fechou a contratação de três reforços que custaram quase R$ 45 milhões.
Então, é verdade: o time que consumiu essa verba, com elenco formado por jogadores de seleção, recém-egressos da elite europeia —como Rafinha e Douglas Costa—, ou os icônicos Geromel e Kannemann, passou todo o Campeonato Brasileiro na zona de rebaixamento. E ficou lá, levantando questões sobre o trabalho de ídolos como Renato Portaluppi e Luiz Felipe Scolari durante esse processo de espiral.
A saída de Renato Gaúcho em especial deixou um buraco do tamanho da Arena do Grêmio. O desgaste com o ídolo no dia a dia já era grande, mas, sem ele, o vestiário campeão da Copa do Brasil, Libertadores e tetracampeão estadual ruiu. A diretoria não conseguiu contornar ou suprir a falta de liderança e gestão que afetou por completo o elenco. Tiago Nunes, Felipão e Vagner Mancini passaram pelo cargo, viveram altos e baixos, mas agora o inacreditável é outro. O Grêmio vai jogar a Série B novamente.