Quando o exército russo invadiu o território ucraniano levando a guerra de volta à Europa ontem, o sonho de dezenas de jogadores de futebol brasileiros se metamorfoseou rapidamente em um sombrio pesadelo. O campeonato local foi suspenso, mas ele deixou de ser a principal preocupação dos jogadores.
"Estamos pedindo ajuda de vocês nesse vídeo devido à falta de combustível na cidade, fronteira fechada, espaço aéreo fechado, não tem como gente sair", disse o zagueiro Marlon, criado nas categorias de base do Fluminense, e hoje defendendo o Shakhtar Donetsk. Ele e outros brasileiros estão concentrados em um hotel na capital Kiev à espera de uma ajuda do governo brasileiro para deixar o país.
"Meu pensamento é um só: sair fora do país. Amanhã eu e meus amigos vamos pegar dois carros e tentar sair fora", afirmou ao UOL o atacante Lucas Rangel, do Vorskla Poltava.
De acordo com o Itamaraty, cerca de 500 brasileiros vivem na Ucrânia e muitos deles são jogadores e suas famílias. Há 20 anos a liga ucraniana tem sido destino importante da mão de obra do futebol brasileiro, principalmente por funcionar como uma vitrine para mercados maiores na Europa. Hoje 30 brasileiros atuam na primeira divisão e outros 10 na segunda. O Brasil é, de longe, o país que mais fornece estrangeiros ao campeonato ucraniano.
Enquanto a guerra se aproxima de Kiev, com seu rastro de destruição, morte, caos e imagens de bombardeios transmitidas em tempo real para o mundo todo, esses jogadores vivem um período de medo e incerteza. A seguir o UOL conta como o conflito entre Rússia e Ucrânia pelo controle de regiões conflagradas tem afetado o futebol local e o que ele pode significar para a carreira dos jogadores que vivem lá.