Guia do Brasileirão

Como jogam? Quem são os destaques? Tudo sobre os 20 times do campeonato que começa no fim de semana.

Rodrigo Coutinho Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro Lucas Figueiredo/CBF

O Campeonato Brasileiro de 2020 começa neste fim de semana, após os adiamentos causados pela pandemia do novo coronavírus. Mas como devem voltar os times que ficaram até quatro meses parados?

Para responder a essa pergunta, o UOL Esporte mergulhou em horas de partidas gravadas pós-pandemia. Descobriu que, na prancheta, os times brasileiros não mudam muito. Olhe os campinhos: quase todos jogam no 4-3-3, com um ou dois volantes. Certo? Não exatamente.

Existem uma série de nuances que fazem com que São Paulo e Botafogo, com desenhos parecidos, apresentem um futebol tão distante entre si. Das escolhas de marcação, passando pela saída de bola e por onde começa o "momento ofensivo", dissecamos como jogam os 20 clubes.

Curiosidades: os únicos clubes que estreiam o Brasileirão sem jogar partidas oficiais são os goianos — o Goianão só será concluído em 2021.

Lucas Figueiredo/CBF
Alexandre Vidal/Flamengo

Flamengo é único time que não perdeu

Entre os participantes do Brasileirão, o único que ainda não perdeu em 2020 é o Flamengo. Pelo menos com time titular. As derrotas rubro-negras no estadual foram com um time de jogadores da base, já que o elenco então comandado por Jorge Jesus ainda estava de férias, fruto da disputa do Mundial de Clubes.

O clube inicia a defesa do título (contra o Atlético-MG de Jorge Sampaoli, domingo, 9/8, às 16h) após 18 partidas, 16 vitórias e apenas dois empates (contra o Fluminense, na final da Taça Guanabara, e Independiente del Valle, pela Recopa Sul-Americana).

Outros dois times chegam com uma derrota: o Atlético-GO, que só jogou 13 vezes por causa da parada do Goianão, e o Ceará, campeão da Copa do Nordeste. Os cearenses, aliás, são a equipe que mais jogou entre os participantes em 2020: são 23 partidas — como comparação, o time que menos jogou é o Athletico-PR, com apenas 11 partidas.

O título de time que chega com mais derrotas na temporada é surpreendente: o único time que conseguiu tirar um troféu do Flamengo em 2020 (venceu a Taça Rio nos pênaltis), o Fluminense chega ao Brasileirão após perder seis partidas na temporada.

Thiago Ribeiro/Thiago Ribeiro/AGIF Thiago Ribeiro/Thiago Ribeiro/AGIF

Vasco tem o pior ataque, mas o vice-artilheiro

Como você deve suspeitar, em número de gols marcados ninguém ganha do Flamengo. Aproveitando um Campeonato Carioca com pouca força, os rubro-negros fizeram 43 gols em 18 partidas. Média de 2,39 gols por jogo.

O único outro time que chega ao Brasileirão com média superior a dois gols por jogo é o Athletico-GO, com 2,08 — foram 27 gols em 13 partidas no Goianão e na Copa do Brasil.

O dado mais inusitado do levantamento, porém, fica com o Vasco. O time de São Januário chega ao Brasileirão ostentando o pior ataque da temporada entre os participantes. São apenas 12 gols marcados em 16 jogos, média de 0,75 gol/jogo — é o único time com média inferior a um gol por partida.

Mesmo assim, é do cruz-maltino o vice-artilheiro da temporada na Série A: o argentino Gérman Cano chega ao Brasileirão com nove gols, atrás apenas de Gabigol, do Flamengo, com 11. Também com nove gols marcados aparece Nenê, do Fluminense. E com um gol a menos, Diego Souza, do Grêmio.

Atlético-GO e Palmeiras chegam com melhores defesas

Quando o assunto é defesa, porém, ninguém supera Atlético-GO e Palmeiras. O time de Goiânia levou apenas quatro gols em 13 jogos na temporada. Disputando o Paulistão e a Copa Libertadores, o Palmeiras foi vazado 7 vezes em 16 partidas.

Na outra ponta da tabela, as piores defesas são do Sport, que luta contra o rebaixamento no Campeonato Pernambucano, com 18 gols sofridos, e Fluminense, com 17.

As análises

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  • Athletico-PR: luta pelo G4

    Contas em dia, elenco competitivo, filosofia de futebol coerente com o projeto, e estrutura de alto nível. O cenário que compõe os bastidores do Athletico Paranaense é responsável direto por aquilo que o clube vem conseguindo dentro de campo nos últimos anos. Depois de um título nacional e uma final de Libertadores no início do século, o clube voltou à segunda divisão, mas desde que retornou à elite do futebol brasileiro vem crescendo ano após ano. Ganhou a Copa do Brasil e foi quinto colocado no Brasileirão em 2019. Ganhou a Copa Sul-americana e foi sétimo no certame nacional em 2018.

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  • Atlético-GO: briga por permanência

    O Atlético-GO foi o último classificado à Série A do Brasileirão 2020. Ficou na quarta colocação na Série B em 2019 e fechou o grupo que ascendeu de volta à elite. Detalhar o modelo de jogo do Dragão para a competição é basicamente impossível. O clube mudou de treinador durante a pandemia e não fez nenhum jogo desde a volta do futebol. Realizou jogos-treinos, mas, ao contrário de seu rival Goiás, não transmitiu nenhum deles. Vágner Mancini provavelmente tentará implementar conceitos que desenvolveu em trabalhos recentes.

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  • Atlético-MG: disputa o título

    O Atlético-MG é o campeão nacional que está há mais tempo sem conquistar o Brasileirão. A expressão é batida, mas necessária para reforçar a busca pela conquista em 2020. Para tentar se aproximar do troféu que não levanta há 49 anos, a diretoria foi buscar Jorge Sampaoli após um início de temporada ruim sob o comando do venezuelano Rafael Dudamel. Mesmo com os problemas financeiros do clube, o argentino não deixou de pedir seus reforços e a diretoria vai reforçando o plantel.

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  • Bahia: meio de tabela

    Seguir recuperando espaço e se consolidando no cenário do futebol nacional, expandir sua marca com boas campanhas na Copa Sul-Americana, se posicionar como um clube voltado ao engajamento de importantes pautas sociais. Estas vêm sendo as causas do Bahia nos últimos anos. A 11ª colocação no Brasileirão do ano passado precisa ser superada para dar continuidade ao projeto responsável por recuperar um clube que esteve na Série C na década passada e na Série B até 2016. Roger Machado segue como comandante do Esquadrão de Aço, e tem um bom elenco a sua disposição.

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  • Botafogo: briga por permanência

    Superar os problemas financeiros, ambientar o mais rápido possível Honda e Kalou, e desenvolver o modelo de jogo ofensivo projetado por Paulo Autuori. As missões iniciais do Botafogo no Brasileirão 2020 são estas. A torcida quer uma história diferente de 2019, quando lutou contra o rebaixamento até as últimas rodadas e terminou apenas duas posições acima do Z-4. É possível acreditar em algo melhor, principalmente se o marfinense e o japonês renderem o que podem.

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  • Ceará: meio de tabela

    2020 já é histórico para o Ceará. Depois de 40 anos, o Vozão terá o seu terceiro campeonato consecutivo na elite do futebol brasileiro. Fruto de um trabalho de reestruturação e recuperação financeira que ainda não alcançou o seu ápice, mas que proporciona um elenco equilibrado e uma capacidade razoável de investimento para manter-se na Série A. É claro que a torcida alvinegra quer mais e pode sonhar com uma competição mais tranquila que as últimas duas, quando lutou contra o rebaixamento até as rodadas finais.

    Imagem: JHONY PINHO/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
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  • Corinthians: luta pelo G4

    Tiago Nunes fez um trabalho excelente no Athletico-PR. Conquistou títulos, produziu uma equipe de futebol agradável e vertical. Buscando novos ares e um modelo de futebol repaginado, a diretoria do Corinthians o contratou para conduzir a reformulação. Buscar um padrão ofensivo e agradável aos olhos de todos, além de um time vitorioso, é a principal missão do treinador.

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  • Coritiba: briga por permanência

    Depois de duas temporadas na segunda divisão, o Coritiba está de volta a Série A do Brasileirão. Buscando se manter na elite, o Coxa chega com uma equipe competitiva. Não tem grandes nomes e provavelmente não disputará nada na parte de cima da tabela, mas há um bom trabalho sendo feito pelo técnico Eduardo Barroca. O início da temporada teve muitos tropeços. Aos poucos, porém, ele foi encontrando o time e ganhou mais intensidade para executar suas ideias.

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  • Flamengo: disputa o título

    Poucas vezes a expressão "o futebol é dinâmico" pôde ser tão bem aplicada quanto no atual momento do Flamengo. O rubro-negro dominou o futebol brasileiro nos últimos 12 meses. Bateu recordes. Ganhou o Brasileirão 2019, venceu a Libertadores depois de 38 anos e adicionou a Supercopa do Brasil, a Recopa Sulamericana e o Campeonato Carioca 2020 a sua sala de troféus. Tudo isso jogando um futebol que há muitos anos não se via no Brasil. Dominando, sufocando e subjugando seus adversários na maioria das vezes. A saída de Jorge Jesus, porém, deixa dúvidas: Domenéc Torrent será capaz de extrair o mesmo desempenho do melhor elenco da América Latina?

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  • Fluminense: meio de tabela

    O Fluminense chega ao Campeonato Brasileiro vivendo um dilema existencial provocado pelo bom desempenho nas finais do Campeonato Estadual contra o Flamengo. Repetir o modelo de jogo das decisões, baseado em marcação forte e contra-ataques rápidos, ou buscar o padrão apresentado no início do Carioca, quando tentou ser um time mais ofensivo e foi bem inconstante? Aliar os dois aspectos é o ideal, mas não é tão simples quanto parece.

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  • Fortaleza: meio de tabela

    Depois de 14 anos o Fortaleza volta a integrar a elite do futebol brasileiro por duas temporadas consecutivas. E isso não é por acaso! O clube desenvolveu um projeto de reestruturação a partir da chegada de Rogério Ceni em 2018. Já vinha se recuperando ao vencer a Série C no ano anterior, mas quando o ex-atleta do São Paulo assumiu o comando do Leão, o clube mudou o seu patamar em basicamente tudo o que envolve o futebol. Melhorou a estrutura, pagou melhores salários com o aumento gradativo da arrecadação, e traçou um modelo de jogo que, passou por pequenas transformações, mas é seguido mesmo na Série A.

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  • Goiás: briga por permanência

    Repetir a 10ª colocação do seguro Brasileirão que fez em 2019 seria ideal para o Goiás nesta edição do campeonato. O clube de Goiânia passa longe de ter graves problemas financeiros, possui boa estrutura também, mas perdeu seus dois principais jogadores do ano passado. Léo Sena, que iniciou esta temporada no Esmeraldino, foi para o Atlético/MG, e Michael é atleta do estrelado Flamengo. Conservador no mercado, a reposição de ambos não foi a altura, e o técnico Ney Franco precisará extrair algo a mais da equipe.

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  • Grêmio: disputa o título

    O Grêmio esteve entre os quatro primeiros colocados do Brasileirão nas últimas três edições, chegou nas últimas duas semifinais de Libertadores, mesmo estágio alcançado na Copa do Brasil, e ganhou uma Recopa Sul-americana. É um período notoriamente competitivo e está entre os principais times do continente. Mas o que tem faltado para voltar a ser campeão nacional? O técnico Renato Gaúcho costuma poupar muitos atletas em semanas com três partidas. Sempre bateu na tecla da necessidade de reforçar o elenco, algo que a diretoria fez com apostas questionáveis e ótimos nomes. Será desta vez?

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  • Inter: disputa o título

    Já são mais de três décadas sem um título nacional na elite. O Internacional exportou sua marca no período, ganhou o mundo uma vez, a América duas, caiu para a Série B, voltou para a Série A, mas segue sem dar a sua torcida o direito de conquistar o Brasileirão. O tempo dirá se o desfecho será diferente neste 2020. A tendência é que tenha mais repertório para brigar pela glória nacional novamente. O técnico argentino Eduardo Coudet assumiu a equipe no início do ano e vem promovendo uma interessante evolução na forma de atuar em comparação ao ano passado.

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  • Palmeiras: disputa o título

    Campeão de duas das últimas quatro edições do Brasileirão, o Palmeiras entra tentando superar a saída de seu principal ídolo recente. Dudu, em pouco mais de cinco temporadas no Verdão, fez mais de 200 jogos, muitos gols importantes, e conquistou três títulos relevantes, protagonista em todos eles. O elenco segue muito bom, mas num coletivo que ainda tropeça, não ter um jogador com tamanha capacidade de desequilíbrio pode pesar bastante.

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  • Red Bull Bragantino: meio de tabela

    Sucesso esportivo em todo o mundo, a franquia futebolística Red Bull desembarca na Série A do Campeonato Brasileiro. Precisou de uma parceria com o tradicional Bragantino, mas o clube ganhou com sobras a Série B em 2019, fez boa campanha no Campeonato Paulista, apresentou desempenho animador com elenco que mescla jovens promissores e atletas experientes, tem um técnico capacitado em início de carreira, estrutura, salários em dia... Muitas coisas que vários clubes grandes não têm. Deve dar trabalho.

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  • Santos: meio de tabela

    Atletas em litígio com o clube, atrasos salariais e muita pressão em cima do técnico Jesualdo Ferreira, que acabou demitido. O Santos chega ao Brasileirão com o ambiente bem tumultuado. Acreditar em algo parecido com o excelente desempenho que teve no ano passado é muito improvável. O time não convenceu até aqui. Por mais que algumas ideias de Jesualdo fossem parecidas com as de Sampaoli, há diferenças na execução e na intensidade. O clube vai buscar uma nova direção?

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  • São Paulo: luta pelo G4

    O São Paulo tem um dos cinco melhores elencos do país. Mesmo em meio a problemas políticos e financeiros, o Tricolor conseguiu dar a Fernando Diniz material humano de qualidade para que o técnico pudesse colocar em prática suas ideias. O comandante, porém, viu seu time ser eliminado pelo frágil Mirassol no Campeonato Paulista dentro do Morumbi. Conta com a aceitação dos líderes do plantel, mas a relação com a torcida azedou pós-parada. Resta saber até que ponto isso pode atrapalhar o time.

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  • Sport: briga por permanência

    Depois do rebaixamento para a Série B em 2018, o Sport retorna a elite do futebol brasileiro para reiniciar a trajetória de afirmação na Série A. O problema é que o ano de 2020 começou muitos problemas. Além da parte financeira problemática, as coisas não fluíram naturalmente dentro do campo. Eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, disputa do "Torneio da Morte" no Pernambucano e campanha inconsistente na Copa do Nordeste emolduram esses oito meses para o Leão.

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  • Vasco: briga por permanência

    Disputar o Campeonato Brasileiro tem sido sinônimo de dor de cabeça para a torcida cruz-maltina. Afinal de contas, nas últimas cinco edições jogadas pelo Vasco, foram dois rebaixamentos e duas lutas contra o descenso. Apenas 2017 pode ser enumerado como uma edição que alcançou o patamar histórico do clube. A sétima colocação deu vaga à Libertadores. Sonhar com isso talvez seja ilusório em 2020. Há um trabalho sendo iniciado dentro de campo, o elenco não oferece opções de ponta no cenário nacional, e o clube segue com muitos problemas econômicos e estruturais.

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