Lá se vão quase 13 anos desde que um inglês de origem simples se tornava o primeiro piloto negro a disputar uma corrida de Fórmula 1. Mais do que isso: de lá para cá, Lewis Hamilton colecionou 83 vitórias e seis títulos mundiais, ficando atrás apenas dos números de Michael Schumacher, feito que o colocou entre um dos maiores da história do esporte.
Ao seu redor, no entanto, pouco mudou. Hamilton segue cercado de dirigentes e pilotos brancos (com exceção do asiático Alex Albon, também inglês de nascimento). Nas categorias de base de acesso à F-1, não há nenhum jovem talento negro despontando.
Ainda que a presença de Lewis tenha colaborado para algum aumento da representatividade nas arquibancadas - dificilmente se vê torcedores negros nas arquibancadas que não estejam com roupas e acessórios alusivos à equipe Mercedes ou ao seu piloto inglês. Porém a diversidade não se estendeu para as pistas.
Nada disso é por acaso, explicou o inglês em entrevista exclusiva ao UOL Esporte antes do GP do Brasil, no mês em que o país celebra o Dia da Consciência Negra. Em vez de usar a presença de Hamilton para promover uma democratização real do automobilismo, o circuito tem se tornado cada vez mais restritivo, devido à crescente profissionalização do kartismo — e, com ela, o aumento de custos.
"O que gosto é ter famílias de diferentes etnias vindo até mim e dizendo que querem ser pilotos. O problema é que sempre fica mais caro. No mundo de hoje, eu não teria nenhuma chance de chegar à F-1 com o dinheiro que tínhamos, uma família de classe média. O esporte está indo para a direção errada, eu acho", comentou o piloto de 34 anos.