A minha história aconteceu entre abril e dezembro de 2017. Foram os piores meses que tive na vida. Passei fome, passei frio. Tomei banho gelado porque não tinha chuveiro. Dormi no chão porque eles não arrumavam uma cama. Cheguei a colocar uma madeira embaixo do colchão para não pegar friagem na hora de dormir.
O Diego prometeu um rio de coisas pra gente. No total, em Igaratá [SP], acho que tinham 24 atletas, entre maiores e menores de idade. Tinha moleque de 16 até 24 anos. A promessa era fazer a preparação em Igaratá e Santa Isabel, que era a cidade ao lado, e ir para a Argentina.
Para não preocupar minha família, eu falava que estava em um lugar bom, mas era tudo mentira. Eu mentindo para minha família e passando pela pior fase da minha vida. Não tinha medo dele, mas não queria preocupar meus pais. Eu estava tentando buscar meu sonho, porque a gente faz de tudo para mudar a vida da nossa família.
Fiquei com ele quase sete meses e não joguei nenhum amistoso. Era tudo mentira. O único amistoso que a gente jogou foi com um time de várzea, não era nem profissional. Quando percebi que era tudo uma farsa, eu fui embora.
Conheço pessoas que foram até a chácara para matar o Diego. O Diego saiu correndo. Foi nessa hora que cada atleta foi para um canto. Alguns ficaram aqui em casa pra não dormir na rua.
O Diego roubou muito dinheiro, fez muita merda.