Até que um dia um grande amigo de Igor que é fisioterapeuta do Guarani de Juazeiro postou em um grupo de WhatsApp que o time precisava de patrocínio. Ele se prontificou a investir em troca de uma chance no time profissional. Nem foi preciso. O amigo convenceu o treinador Severo e presidente Robério. Em uma semana, ele foi aprovado no teste físico, participou de um treino coletivo, assinou contrato e ainda viu seu nome sair no BID. "Acho que eu não estava pisando no chão. Eu estava flutuando".
Mas no primeiro treino, ele entendeu porque recebeu tantos "nãos". Ficou exausto com 15 minutos de atividade, prejudicado pela ansiedade e pela adrenalina. O time estava sem centroavante e a responsabilidade caiu sobre ele.
"Aí começa o medo de falhar. 'Será que eu não vou atender às expectativas do técnico?'. Tentei tirar a expectativa dizendo: "olha, gente queria que vocês entendessem. Eu estou aqui realizando um sonho. Não tenho como dar o rendimento desses garotos". Realmente, não dei o rendimento que eles esperavam. Deixei por várias vezes os atacantes de ponta e até mesmo os laterais com chance de gol. Eu fiz a parede, marquei bem o volante. Mas a movimentação ainda estava falha. Tinha uma série de coisas que precisavam ser aprimoradas. A principal de tudo era a parte física. Eu achava que era bom. Cheguei no coletivo, vi que eu era zero".
Igor contratou um personal trainer, investiu no triatlo e passou a treinar na praia duas vezes ao dia. E ainda precisava conciliar os treinos no interior com seu trabalho como empresário em Fortaleza a 500 km de distância. Ele conversou com o time para não participar de todas as atividades e passou a viver na ponte área entre Juazeiro do Norte e a capital.
O atleta veterano chegou com o campeonato já em andamento e sabia que teria poucas oportunidades para entrar em campo. Ainda assim, foi escalado para o jogo contra o Horizonte pelo estadual. Mas as mexidas do técnico não o favoreceram. "Foram os meus dois sobrinhos, meu filho e a minha esposa. Para mim, ali foi o ápice da realização do sonho, porque era tudo o que eu pensava. Eu ia entrar em campo, jogar profissionalmente, mostrar para o meu filho que estava me dedicando. Realmente não pude entrar. Disse: 'eu tenho que me preparar mais'. Terminou o jogo, eu fui correr no mesmo dia".
A chance parecia certa diante do Iguatu, mas também não aconteceu. Para piorar, o time acabou rebaixado no estadual. "O técnico tinha conversado comigo que na hora que o centroavante cansasse, eu entraria. Só que a gente não esperava que o pior time do campeonato faria o único jogo bom da vida deles. No começo, eles fizeram 1 a 0. Aí começou a desestruturar, os meninos ficaram nervosos e nós perdemos de 3 a 0. Mais uma vez, não entrei e acabou o campeonato. Sofri pela carinha deles de tristeza pelo time ter sido rebaixado".