Quando penso em Isaquias Queiroz, a primeira coisa que me vem à mente não são as medalhas olímpicas que o vi ganhar no Rio e do outro lado do mundo, mas um pedido de entrevista.
Em Tóquio, as provas da canoagem ficavam em um lugar de difícil acesso, eu havia perdido a hora do ônibus de imprensa, e tomei um táxi para cobrir as eliminatórias. Chegando lá, descobri que só era possível entrar por um extremo da raia, o oposto ao que eu desci. Após meia hora andando no sol escaldante, perdi tanto a prova quanto a entrevista coletiva.
Cheguei cansado, esbaforido, derretendo, e vi Isaquias de longe, entrando na área restrita aos atletas. Fiz um sinal a ele e pedi uma palavrinha rápida. Ele voltou, expliquei minha situação, e pedi para fazer duas perguntas, para que eu não perdesse a viagem.
"Não tem pressa, não. Você tá fazendo o seu trabalho, respondo tudo que precisar", ele me disse. Voltou à zona mista e respondeu por 10 minutos às mesmas perguntas que provavelmente haviam sido feitas pelos colegas que chegaram na hora certa.
Isaquias não precisava ter voltado. Mas não só voltou como foi além. Desde então, me pergunto por quê e como um traço aparentemente banal de personalidade ajuda a construir a mente de um campeão.
É em busca dessas respostas que o UOL abre uma série de especiais com perfis de estrelas do esporte olímpico brasileiro que vão aos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Boa leitura!