Foram dias de um constrangimento tão forte na rotina do Corinthians que dava quase para tocar.
Enquanto Jair Ventura comandava treinos e jogos na reta final do Campeonato Brasileiro de 2018, o clube negociava o retorno de Fábio Carille. Conversas iniciais e detalhes que levaram ao acerto eram publicados diariamente pela imprensa. Não tinha segredo para dirigentes, jornalistas, funcionários, jogadores e nem para o próprio técnico, por mais que versões e declarações oficiais indicassem o contrário.
"Foi difícil saber tudo o que estava acontecendo e ser a mesma pessoa. Eu não mudei uma vírgula na minha rotina. Da mesma maneira que cheguei eu saí do Corinthians. Acabou que aconteceu o que todos previam."
Aos 39 anos, ele viu escorrer entre os dedos a temporada que era para ser sua consagração. A demissão aconteceu em 3 de dezembro, dia seguinte a uma derrota para o Grêmio. Já são mais de 500 dias sem o nome numa ficha técnica depois de um episódio que ficou marcado de maneira superlativa na vida: "Foi o momento mais difícil da minha carreira, sem dúvida. Continuar o trabalho tendo que fazer com que os jogadores me vissem como comandante."
Foi a maior prova de maturidade da minha vida.
Jair conta nesta entrevista ao UOL Esporte que se vê melhor e mais forte depois do episódio. Ele desenvolveu estratégias de defesa e enfrentamento de rótulos que carrega desde antes, quando trabalhou no Botafogo e no Santos, enumera os grandes jogadores de quem participou da formação e conta que espera trabalhar ainda em 2020, mais de um ano depois da montanha-russa de emoções vivida no Corinthians: "Por isso meu ano sabático. Foi demais."