"Olha, eu nunca decidi ir ao The Voice. Nunca me passou pela cabeça cantar em um programa da Globo. Mas lá, em outubro do ano passado, eu estava em casa e recebi um telefonema do Rio de Janeiro sem identificação. Não atendi. Dali a pouco, chegou uma mensagem do Pedro, um dos produtores do programa: 'Ô, João, tudo bem? Posso te ligar? Sou seu fã'. Então, ele me chamou:
-- Cara, eu assistia aos seus programas, gosto muito de você... Vi você cantando 'These Eyes', do Guess Who, em um vídeo caseiro... Pô, você não quer participar do The Voice?
-- Eu? Não, cara, de jeito nenhum.
-- Por que?
-- Ah, cara, eu não sou cantor... Nunca pensei em participar do The Voice. Não quero, não.
-- Não, João... Mas é legal. Eu posso mostrar seu vídeo para outros produtores e para o diretor do programa?
-- Pode...
No dia seguinte, o Pedro me ligou de novo: 'Mostrei seu vídeo aqui e todo mundo gostou... Você vai se divertir, entra aí'. E não parou? Ele me telefonou mais algumas vezes até que chegou uma hora que eu falei: 'Coloca meu nome aí'. Imaginei que deveria haver dez mil inscritos e meu nome ia desaparecer no meio da galera que realmente queria cantar no programa.
Vou falar uma coisa... Muitas vezes nessa vida eu fiz coisas que eu não queria, ou que nem imaginava fazer, mas a vida me levou. E foi a minha filha Rita que me ajudou. Ela tem 22 anos e nunca tinha ido ao Rio de Janeiro. Todos os candidatos tinham direito a levar um acompanhante. E ela disse: 'Pai, eu vou com você'. Fui convencido.
Só que na primeira ida, eu comecei a ficar arrependido... Avião lotado, ar-condicionado desligado, quase 45 minutos parado na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A covid correndo solta e eu e Rita num avião lotado, quente. Minha filha foi uma força: ela colocou máscaras e comprou duas viseiras. Éramos dois ETs no avião.
Curiosamente, eu conheci o Rio em janeiro de 1978, aos 22 anos. A Rita, em janeiro de 2021, aos 22 anos."