África do Sul, 2 de julho de 2010. Pelas quartas de final da Copa do Mundo, o Brasil vai vencendo a Holanda por 1 a 0 após dominar o primeiro tempo. Todo mundo lembra o que aconteceu depois: em uma bola alçada na área, Júlio César saiu para cortar, mas trombou com Felipe Melo, que desviou contra o próprio gol.
Auxiliar técnico da seleção naquele jogo, o tetracampeão Jorginho tem uma explicação. O barulho das vuvuzelas — espécies de cornetas usadas pela torcida sul-africana nos jogos daquela Copa — impediu a comunicação dos jogadores em campo. "Teve a questão da vuvuzela, que era um barulho ensurdecedor. O Júlio gritou 'é minha', mas o Felipe Melo infelizmente acabou dando uma casquinha e tomamos o gol".
Vinte minutos depois, já com a Holanda vencendo por 2 a 1, Felipe Melo deu um pisão em Robben e foi expulso, comprometendo as chances de reação do Brasil. E Jorginho, de novo, tem um detalhe para contar: ele poderia ter mudado radicalmente o destino da seleção naquele jogo.
"O Felipe Melo estava muito bem no jogo, e eu lembro até hoje que o Paulo Paixão (preparador físico) falou: 'Jorge, estou preocupado com o Felipe, ele está muito nervoso'. Eu falei: 'espera um pouco, porque acabei de ir falar com o Dunga, e se eu for de novo, a gente conhece, ele vai acabar explodindo. A situação está tranquila'. E nesse momento, o Felipe Melo foi expulso".
"Hoje eu faria diferente, falaria: 'Dunga, tira o Felipe'. Ele estava muito bem, tinha dado um passe fenomenal para o Robinho fazer o gol no primeiro tempo. Falei para ele: 'Felipe, você está bem demais, calma, porque os caras estão tentando te deixar nervoso'. Ele falou: 'estou tranquilo'".