Quando Ketlyn Quadros tomou um ippon da italiana Savita Russo, no final da luta, a judoca Rafaela Silva achou que a equipe do Brasil tinha perdido a luta pelo bronze. Confundiu-se com a pontuação.
"Não acredito que a gente perdeu de novo".
Na sequência, ela olhou para o placar e percebeu que não, o Brasil não tinha perdido. O placar com a Itália, que decidiria o terceiro colocado da competição por equipes dos Jogos Olímpicos de Paris, estava empatado em 3 a 3. O vencedor seria decidido no Golden Score da categoria. Um dos seis pesos seria sorteado para voltar ao tatame.
Rafaela passou a repetir para ela e seus companheiros: "57, 57, 57". Torcia para o placar do Ginásio do Champs de Mars parar em cima do que a balança indica toda vez que sobe nela antes das competições.
Havia uma razão: campeã olímpica e mundial, ela ficou sem medalha individual na França, mas ganhara as quatro lutas que disputara até ali. Era o único atleta do time brasileiro com esse histórico. O 57kg apareceu no telão e, após 14 segundos de luta, Rafaela derrubou a italiana Veronica Toniolo e conseguiu a redenção. Sua e de seus companheiros.
Rafaela não sairia de Paris sem uma medalha.