O paulistano Lucas Piazon se tornou quase que um cidadão sem fronteiras. O mundo da bola lhe proporcionou muitas experiências, mas também lhe tirou do país natal ainda bem cedo. Muito antes de completar 18 anos, foi identificado pelo mercado da bola europeu como um craque em potencial. O Chelsea foi quem assegurou sua contratação, por algo em torno de 6 milhões de euros, quando ele tinha 17, em 2011. Por isso, o clube londrino teve de aguardar por meses até poder contar com o garoto em sua maioridade. Piazon deixou o São Paulo sem ter mesmo treinado com os profissionais.
No fim, toda a complexidade da operação foi só um indício do que vinha pela frente na carreira do meia-atacante, que demorou a chegar e nunca bem se firmou. Foram nove anos de contrato com os Blues e mais empréstimos (sete) do que partidas oficiais (três) ou mesmo amistosos (cinco).
Nove clubes, seis países —a última parada foi o Braga-POR— e uma década depois da despedida, num caminho nada convencional, Piazon joga pela primeira vez como profissional na elite do futebol brasileiro, sendo um dos reforços do Botafogo já sob a gestão do americano John Textor. Aos 28, ele se sente realizado com essa experiência quase que às avessas. Ele nem bem chegou —são seis partidas pelo Brasileirão—, tem contrato válido até o meio de 2023, mas se sente realizado e se permite fazer planos. Para ele, o retorno ao Brasil é para ficar.
"Tive de pensar muito [sobre um retorno], até porque minha esposa não é brasileira e estava acostumada com Portugal. Para ela, foi uma mudança meio radical [risos]. Eu nunca tinha jogado no Brasil, então aproveitei. Seria uma boa oportunidade para vir e conhecer como seria jogar uma Séria A, o Carioca. Se tudo der certo, ano que vem consigo jogar uma das competições sul-americanas. Mais uma experiência em minha carreira, mais um desafio", diz ao UOL Esporte.