O silêncio é comum aos cemitérios. O respeito aos que se foram divide espaço com a tristeza e a saudade, sufocando qualquer som mais alto. Mas não foi sempre assim na avenida Natal, número 60, bairro Medianeira, onde fica o Cemitério Ecumênico João XXIII, em Porto Alegre. Tanto que lá chama atenção um detalhe de paisagem bastante atípico: arquibancadas.
O pitoresco, porém, se explica na história. O local já foi casa para um dos clubes mais tradicionais da capital gaúcha: o Cruzeiro. Por ali, cruzeiristas se abarrotavam para assistir a partidas de Enrique Flamini, Alejandro Lombardini, Ortunho, Valdir, Hermes, entre outros. Onde hoje impera o silêncio havia gritos e vibração. Era um lugar de muita alegria, mesmo com apelido de Colina Melancólica — dado pelo número elevado de cemitérios na região.
O espaço que atualmente abriga o robusto cemitério vertical, com alguns andares de jazigos, antigamente dava lugar ao estádio da Montanha, que já foi o maior e mais moderno local de partidas de futebol da capital gaúcha. O primeiro com túnel de acesso dos vestiários ao campo, com capacidade para 20 mil pessoas e que chegou a ter um plano de cobertura que seria inédita para a época.
E é essa história que o UOL Esporte irá resgatar, em uma capital que hoje ostenta duas arenas modernas para colorados e gremistas. Uma história sobre o estádio que virou cemitério e o clube que hoje sobrevive em outro município.