Essa é a história de um pai acusado de matar o próprio filho. Joel Ávalo dos Santos, conhecido no mundo do MMA como Joel Tigre, foi preso aos 25 anos, quando ainda tinha nos braços o corpo do filho Rodrigo, um bebê de um ano. Rodrigo vivia com o pai e com sua esposa, Jéssica Ribeiro, madrasta da criança.
O lutador ficou um ano e sete meses preso e, além da liberdade, perdeu a chance de se despedir do filho. Jéssica, uma moça de 21 que ele tinha conhecido nos treinos da academia e com quem costumava ir à igreja, acabou confessando: por estar com muita raiva e nervosa, agrediu a criança até que ela morreu.
Com a autoria do crime esclarecida, ainda pairava a dúvida sobre a participação do pai. Ao longo das diferentes fases do processo, policiais, promotores, jurados e um juiz não entraram em consenso a respeito de qual crime Joel teria praticado. A polícia o indiciou por maus tratos seguido de morte. O promotor o denunciou por homicídio doloso, apontando nele uma intenção de matar. Durante o julgamento, o tribunal do júri negou que ele tenha tido intenção de matar o filho e o juiz então o condenou por homicídio culposo.
Nessa leitura, ao não impedir que Jéssica agredisse Rodrigo até a morte, Joel teria agido com "negligência" e teria contribuído para a morte do filho. Mas Joel tem um álibi: o depoimento de testemunhas que garantem que, no momento do crime, ele estava em seu local de trabalho, quinze minutos distante da casa onde seu filho foi morto.
Condenado e sem chance de recurso, o lutador recebeu uma pena menor do que o tempo que já tinha ficado preso e, por isso, foi posto em liberdade. Ele se diz, porém, totalmente inocente.
"Eles me pintaram como um monstro e na verdade o monstro foi a Justiça", diz o lutador em uma entrevista por telefone. "É facil pegar um cara como eu, pintar pra sociedade um monstro e depois ficar por isso mesmo. Eles tiveram que me condenar em alguma coisa para eu não sair como inocente. Mas se alguém achasse que eu tive alguma culpa no que aconteceu, eu não teria saído da cadeia."