Foi Hortência quem tomou a iniciativa do encontro nas duas vezes. Na primeira, pegou Paula de surpresa. Faltavam 42 segundos para o fim do jogo e o Brasil vencia por oito pontos. A Magic girou sobre a marcadora e não coube à chinesa outra alternativa senão a falta. O abraço veio perto da linha do lance livre, pela cintura. Concentrada, Paula não sorriu. Reagiu com dois arremessos certeiros.
Dezoito segundos de jogo depois, Hortência tentou de novo. Desta vez havia sido ela a receber a falta. Acertou o primeiro lance livre, abriu um sorriso de orelha a orelha, a Rainha virou-se para trás. Procurava sua companheira de seleção há mais de 15 anos.
Ergueu os dois braços e caminhou em direção a Paula. Bateu primeiro uma mão na outra, depois, as suas na da amiga. Não era só a comemoração de um ponto. Era, enfim, a ainda discreta comemoração de uma vitória que Paula só iria celebrar no instante em que o cronometro zerou e o placar apontou Brasil 96, China 87.
O sol havia nascido há pouco naquele domingo quando as imagens transmitidas diretamente de Sydney (Austrália) chegaram às televisões brasileiras. No dia dos namorados de 1994, vinte e cinco anos atrás, as duas melhores jogadoras de basquete que o Brasil já amou levavam o país ao seu primeiro - e por enquanto único - título mundial no basquete feminino.
Magic Paula relembra, em entrevista ao UOL Esporte, o trajeto até o ouro, da forma reativa como o grupo recebeu a nova comissão técnica liderada por Miguel Ângelo da Luz ao retorno ao Brasil com a consagração da maior seleção que o basquete feminino já viu.