Quando a gente escolhe o que quer ser quando crescer, tem sempre alguém que alerta sobre um problema da profissão. Para ser médico, tem que fazer plantão e ficar acordado um dia inteiro. Para ser professor, aguentar pai chato de aluno. Quando Maikon Leite escolheu ser jogador de futebol, falaram das lesões. "Futebol profissional é violento, vão bater muito em você", avisaram.
Para Maikon, aquele alerta virou realidade na mais cruel das formas. Em 2008, em um jogo entre Santos e Flamengo, ele sofreu uma entrada violenta do goleiro Bruno, o mesmo que seria, dois anos depois, preso por assassinato de Eliza Samúdio. O joelho de Maikon se partiu, a perna foi fraturada em múltiplos pontos. A imagem é essa que você viu no vídeo acima.
Na época, Maikon não teve coragem de olhar para as fotos do momento.
"Eu tive uma lesão que, na época, não tinha parâmetro nenhum. Foi a lesão mais grave da história do futebol. Quando fui pro vestiário, não tinha noção da gravidade. No CT, no quarto, mais tranquilo, olhei pro meu joelho e pensei: 'O que aconteceu, meu?'"
Aos 18 anos, Maikon correu risco de perder a perna. Levou injeções na barriga para fazer o sangue circular corretamente. O medo era uma trombose, já que as lesões internas eram tão graves que poderiam obstruir o fluxo sanguíneo para as áreas atingidas.
Foram noites e noites em claro. Nelas, qualquer movimento causava pontadas de dor. Fora a ansiedade para a cirurgia: os médicos precisaram esperar mais de um mês para que o joelho desinchasse e permitisse o trabalho no local.
Parece agoniante. E foi. Você pode pensar que, depois disso, Maikon se define pela lesão. Ele não acha. É uma marca que sempre carregará, mas ele é mais do que isso.