Não é à toa que o investimento dos clubes brasileiros em atletas atingiu o maior nível da história em 2019. Os acordos de Flamengo e Corinthians com a TV só sobem desde o fim do Clube dos 13 e a entrada de um novo personagem no cenário da TV Brasileira, a Turner, na forma do Esporte Interativo, inflacionou contratos de outros times - como o Palmeiras. Mais do que isso, duas gestões específicas criaram uma inflação no mercado nunca vista e os clubes começaram a usar as verbas que entraram na venda de atletas para contratar reforços.
O Palmeiras é o melhor exemplo deste novo momento. Equilibrou contas após a gestão de um presidente (Paulo Nobre) e recebeu um aporte financeiro astronômico de sua patrocinadora (Crefisa). Somando a isso a força econômica criada pela inauguração de um novo estádio (Allianz Parque) e a assinatura do maior contrato de TV fechada fora do grupo Globo (com a Turner), virou o time mais poderoso financeiramente do país.
Depois veio o Flamengo. A gestão do ex-presidente Eduardo Bandeira saneou as contas do clube - apesar das críticas por falta de resultados esportivos. Com o acordo gigante com a Globo, fruto das negociações individuais dos direitos de transmissão, a venda de revelações (como Vinicius Jr. e Lucas Paquetá) e o aumento dos acordos de patrocínio, criou-se uma verba inédita para contratações.
E como esses dois contrataram. O Flamengo gastou R$ 97,99 milhões em nomes como Arrascaeta, Bruno Henrique e Rodrigo Caio. Já o Palmeiras investiu R$ 83,58 milhões para reforçar um time que já era forte, trazendo Carlos Eduardo, Zé Rafael e Matheus Fernandes, entre outros. A diferença é que, em 2019, não foram só eles que abriram os cofres. O São Paulo, aproveitando vendas recentes de revelações das categorias de base, gastou R$ 42,55 milhões - chegaram Hernanes e Pablo, por exemplo. Já o Santos, usando o dinheiro ganho com a venda de Rodrygo, trouxe Cueva e o zagueiro Aguilar.
Os R$ 360,43 desta reportagem representam a soma do investimento de Athletico, Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Inter, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco. É apenas a segunda vez que esses 15 clubes gastam mais de R$ 250 milhões (em valores corrigidos) no século 21. A primeira foi 2005, quando o Corinthians (bancado pelo fundo europeu MSI) inflou os números e os investimentos atingiram R$ 352,53 milhões.