Até hoje, o Brasil ganhou três medalhas olímpicas por doping. Em 2004, Rodrigo Pessoa subiu ao pódio em segundo lugar, mas virou campeão olímpico de hipismo por sua participação nas Olimpíadas de Atenas apenas um ano depois, quando os testes de um cavalo rival tiveram o doping confirmado. Outros personagens dessa história demoraram mais. E sua glória olímpica não passou nem perto daquela de quem realmente subiu ao pódio.
Em 2017, as brasileiras do revezamento 4x100m passaram por algo parecido. Rosemar Coelho, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos terminaram a final dos Jogos Olímpicos de 2008 em quarto lugar, atrás de Rússia, Bélgica e Nigéria. Oito anos depois, Yuliya Chermoshanskaya foi flagrada no doping e as brasileiras subiram ao pódio durante o Prêmio Brasil Olímpico do COB (Comitê Olímpico do Brasil), à frente de seus pares do movimento olímpico brasileiro.
Nessa reportagem, você vai ler o que aconteceu com os homens do 4x100 rasos do atletismo do Brasil nos mesmos Jogos de 2008, que só receberam a sua medalha de bronze em uma sala de um museu na Suíça 11 anos depois. Qual é a sensação de ganhar uma medalha olímpica, receber os cumprimentos e subir ao pódio? Com certeza é o grande momento da vida de um atleta, ainda mais para brasileiros, não muito acostumados a essa honraria do esporte mundial. Ganhar uma medalha com atraso, com o reconhecimento vindo apenas tempos depois, sem a emoção do momento, já de banho mais que tomado e com a derrota momentânea mais que assimilada, com os patrocinadores já distantes no tempo, no espaço e nas finanças, sem ninguém além da família esperando no aeroporto?
Você quer saber qual é a diferença entre receber uma medalha olímpica na hora ou depois de um tempo? Pois eu respondo: receber depois não representa nem 0,1% da emoção de subir ao pódio logo após a competição. São situações incomparáveis".
Vicente Lenílson, velocista