Não é fácil se dissociar de uma imagem marcante. Barbosa e o frango na Copa de 50, Baggio e o pênalti em 1994, Zidane e a cabeçada em 2006 ou mesmo, para o torcedor do Santos, Nilson e o gol perdido na final da Copa do Brasil em 2015. Por melhor que você seja, por mais que você faça diferente, aquilo sempre vai estar com você. O atacante Marinho, do Santos, sabe disso, sim, e quis mudar.
A "fábrica de memes" do camisa 11 parou de operar. O intuito foi claro: os minimísseis continuam, mas Marinho quer que o assunto seja a bola na rede em si, e não suas palavras atrás de um microfone. O atacante quer ser mais jogador e menos meme.
Desde a volta do futebol após a paralisação pela pandemia do novo coronavírus, Marinho, de 30 anos, tem recusado convite para entrevistas exclusivas e evitado falar até mesmo ao deixar o gramado. Tudo para que o foco seja o que ele apresenta em campo, não o que fala (ou faz) fora das quatro linhas.
O jeito alegre, irreverente e sincero continua com ele, é claro, mas do túnel para dentro. Quando sobe ao gramado, é apenas o atacante do Santos, um dos craques do Brasileirão 2020.
"Chega uma hora que é chato. Meu jeito brincalhão é uma coisa minha. Eu não vou mudar. Acho que falta isso, perdemos isso no futebol. Mas quero que olhem para mim como um cara normal, que faz gol, joga bem, tem seus dias ruins também que é normal", disse Marinho ao jornalista Alê Oliveira em julho, quando concedeu sua última entrevista exclusiva.