Olha, fazia tempo que eu não chorava desse jeito. Perder meu melhor amigo... Na verdade, um irmão. Foi uma das coisas mais difíceis que eu já passei nessa vida. Mas, por mais que doa falar dele, também é bom. Me ajuda a manter as memórias vivas. E são tantas boas.
Eu não vou mentir, Pelé intimidava muita gente, viu? Onde quer que ele chegasse, as pessoas ficavam mais contidas. Mas durava pouco, porque o Pelezinho era muito brincalhão, quebrava o gelo na primeira oportunidade. Sarrista, gostava de deixar todo mundo à vontade. Quando pediam foto com ele, as pessoas pareciam amedrontadas e ele dizia 'peraí, deixa que eu faço a produção' e dava risada. Era um doce.
Ser o melhor amigo do Pelé foi um dos meus maiores feitos nessa terra. Certa vez perguntei para ele como eu tinha conseguido conquistá-lo. E sabe o que ele respondeu? "Coisa de Deus". E eu nem tive como discordar, nós tínhamos uma conexão linda. Coisa de eu pensar nele e ele me ligar. Teve um dia em que ele estava fora do país e ele me mandou a foto de um iate com meu nome gravado na madeira e me escreveu "achei seu barco, Mamá", que é meu apelido criado por ele. E pegou, me chamam assim até hoje!
Espero que esse relato alcance muita gente. Eu preciso dizer como esse cara foi importante na minha vida. Coisa que não dá para imaginar. E foi por gestos, palavras e por ações, sabe? Eu sinto muita falta. Ainda sonho muitas vezes com ele, aquela risada gostosa. A presença dele era boa pra mim. Faz parte, é a vida. Um dia nós vamos nos encontrar, eu tenho certeza. Oro todos os dias para que a luz que ele teve aqui, que tenha também lá no céu.