O dia do meu casamento rendeu fotos e vídeos incríveis, mas um deles eu já perdi as contas de quantas vezes vi e revi. Era o dia em que meu pai me entregaria o volante para que eu me tornasse a motorista da minha própria vida. Até no caminho da igreja era ele quem guiava: ele foi o motorista de um antigo carro conversível. Por um momento, pus meu buquê de rosas brancas no colo, saquei o celular e comecei a filmá-lo todo alegre.
"Nathalie, vai ganhar pelo Brasil ou não vai?", ele me perguntou, mais como pedido do que como cobrança. E eu respondi firme: "Vou ganhar". Ele continuou: "Eu sei que você vai. Vai ganhar pelo Brasil. E esse dia vai ser ainda mais forte, mais lindo, porque você vai saber que venceu por ter feito uma escolha e insistido nela até o fim".
Eu não sabia, mas aquele seria o último dia em que eu veria meu pai. Aquela foi nossa última conversa frente a frente, no verão europeu de 2017. Ele morava no México e iria me visitar em Cuba, em janeiro, em uma competição na qual sempre nos encontrávamos, mas não conseguiu. Combinamos de nos vermos em junho, então, porque o Pan-Americano seria também em Havana. Não deu tempo. Ele morreu em 2018, nove meses depois do meu casamento, sem se despedir de mim.