Com alguma frequência sai a notícia que um grande atleta tirou um "ano sabático". Estava saturado da rotina de treinar, viajar, competir, e resolveu se afastar um pouco do esporte. Tirar férias, ficar com a família, de pernas para o ar, lendo um livro ou tomando um drink no Caribe.
Eu também tive meu ano sabático, mas ele se estendeu por mais de dois anos, sem nenhum glamour.
Hoje entendo que o que me afastou das quadras entre 2021 e 2023, e ainda não me devolveu integralmente o antigo tesão de jogar basquete: foi um quadro de depressão.
O extra quadra, as picuinhas, a briga de egos, minaram minha energia. Sabe esse episódio da semana passada, em que um membro da comissão técnica da seleção disse o que as mulheres devem fazer com seus corpos? É assim que os profissionais veem as mulheres, que a gente é tratada pela maioria das pessoas do basquete feminino (tem exceções).
Da última vez que fui chamada à seleção de quadra, eu não estava 100% fisicamente. Alinhar a apresentação com a comissão técnica foi um estresse, me apresentei mesmo assim, e o clima estava pesadíssimo. No fim, sequer fui testada. Voltei para casa e fiquei uma semana na cama. Faltava vontade de levantar, de sair, de fazer qualquer coisa.
Trabalhar com algumas pessoas do basquete sugou minha energia. Distante dele, perdi o rumo.