Com os próprios punhos

O boxe tirou Esquiva do tráfico, rendeu medalha olímpica. Nem assim, conseguiu dinheiro para rebocar a casa

Esquiva Falcão Especial para o UOL, de Vitória (ES) Lucas Lima/UOL

Um dia um dos caras da boca me chamou num canto e falou. "Neguinho, vejo que você tem talento para o boxe. Meu conselho é pare com isso! Entregue o revólver, a carga de droga, que isto não é caminho para você".

Eu tinha 17 anos naquela época, estava andando armado e vendia drogas já fazia meio ano. E olha como Deus faz as coisas. Passou uns três dias e ligam para mim. "Aqui é o Raff Giglio, do Rio de Janeiro. Tenho um projeto, vi que você já lutou pelo São Caetano e é novo. Gostaria de vir pro Rio?"

Foi o dia mais importante da minha vida. A gente fala que o tráfico é o caminho para um dos três Cs: cadeia, caixão ou cadeira de rodas.

No lugar da ruína, meu novo caminho teve uma medalha de prata nas Olimpíadas de Londres. Fiquei famoso, conheci presidente e virei homem. Mas tem coisas que o tempo não apaga.

Na minha infância faltava até comida lá em casa. Era tanta privação que até hoje minha família tem mania de dar as coisas. Quando meu tênis de treinamento não serve mais para correr, passo para meus irmãos. Eu sei bem o que eles sentem quando ganham um tênis de segunda mão.

Quando era criança, já aconteceu de estar indo para escola e dar meia volta. Ia correndo para casa chamar meu pai porque havia um sofá no lixo.

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Uma casa muito engraçada

O boxe foi a virada numa vida que começou dentro de um Fusca. Meu pai, o Touro Moreno, conta que estava no bar bebendo com minha mãe quando eu resolvi nascer. "Mô, a bolsa estourou. Vamos para o hospital". Ele fala que eu estava metade para fora quando chegaram na emergência.

A primeira casa em que morei era um bar desativado. A gente brincava na bancada e dormia atrás dela algumas noites. Mudamos um tempo depois, mas uma coisa continuou igual. Às vezes não tinha o que comer.

Nestes dias, meu pai saía para arrumar comida. Tinha um supermercado perto e ele ia lá comprar sem dinheiro, se é que me entende. Pegava comida e botava na cintura ou na bolsa da minha mãe.

Até que um dia o dono falou: "Tá tudo certinho, não precisa de mais nada, não?" Meu pai achando que estava escondido, mas o dono do bar sabia. Sempre soube. Mas também sabia das dificuldades do meu pai. Éramos seis, sete crianças.

Eles conversaram e meu pai ficou sabendo que nunca enganou ninguém. Os dois se entenderam e ficaram amigos. Até hoje meu pai agradece porque a gente passava muita dificuldade.

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A benção da ignorância

Eu era uma criança, e não entendia as coisas. Só queria brincar. Nessa época, eu gostava de tacar pedra no valão que ficava perto de casa. Era um valão podre, igual ao rio Tietê. Tinha outro menor e era lá que eu e as outras crianças ficávamos pulando de um lado para outro.

Todo dinheiro da minha família era para comprar comida. A gente não tinha carrinho, nem bola. Para você ter uma ideia do ponto a que chegava, meu pai e minha mãe saíam e quem cuidava da gente era minha irmã mais velha. O nome dela é Deusolinda, mas chamamos de Deusa.

Quando ela estava com 12 anos veio a Deusinete. Nasceu prematura, de seis meses. Era bem pequenininha e como não tinha brinquedo, a Deusa botava ela numa caixa de sapato fingindo que era uma boneca.

Havia limites

Agora até dou risada, mas imagina... Era minha irmã mais nova. Coisas assim aconteciam, mas meus pais não criavam a gente largados. Existiam regras.

Eles nunca deixaram a gente brincar de cueca, ficar pelado também não podia e nem pedir dinheiro. Se pedisse dinheiro, chegava em casa e apanhava. Sentar no colo de outra pessoa também era proibido.

O lugar em que a gente morava tinha bastante bar, gente bêbada jogada na rua e drogados.

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Sem teto

Nós ficamos nesta casa perto do valão uns dois anos. Só que chegou um momento em que meu pai não tinha dinheiro para pagar o aluguel. O dono falou: "Touro Moreno, preciso alugar a casa para outro".

Meu pai e minha mãe pegaram nossas coisas e foram procurar um lugar. Paramos embaixo de uma ponte. Moramos um mês lá e o que lembro é: nós à noite deitados em papelões com os cobertores.

Eu estava com uns sete anos e não ia para aula. Nesta idade, eu ajudava meu pai. Ele arranjou um fogãozinho de uma boca, uma frigideira e nós vendíamos, não sei se você já ouviu falar, pururuca. É a pele do porco frita. Todos os filhos pegavam a pururuca e saíam para arrumar dinheiro.

Só comecei a frequentar a escola com uns 8, 9 anos. Ia a pé, coisa de dois quilômetros. No meio do caminho tinha um restaurante que ficava aberto para café da manhã, almoço e janta. O que sobrava eles davam para moradores de rua por uma janelinha. Levávamos uma vasilha duas vezes por dia para ficar com os restos que viravam nosso almoço e jantar.

Bom samaritano

Fora do Espírito Santo quase ninguém conhece, mas meu pai é celebridade no Estado. Pai de 18 filhos e lutador de vale-tudo na época em que realmente valia tudo. A história dele morando embaixo da ponte foi parar no jornal e um amigo ofereceu ajuda.

"Touro Moreno, vou te dar um lote e construir uma casa para você morar com seus filhos".

Ele disse que tinha dois lotes. Um era em Jacaraípe e o outro, em Terra Vermelha. Eram dois lugares de muito crime, só que Terra Vermelha era ainda mais perigoso. Meu pai escolheu Jacaraípe.

Houve dinheiro para subir a parede de tijolo e o teto. Não tinha forro nem reboco. Cimento no chão, só na cozinha e no banheiro. Os dois quartos e a sala eram chão de areia. Meu pai esticava o lençol e dormíamos assim mesmo.

As coisas que a gente tinha em casa era tudo doado ou achado na rua e no lixo, um sofá, uma cama, um criado mudo, qualquer coisa que tivesse serventia.

E a casa era cheia de buraco. Eles furaram os tijolos para atravessar as madeiras que serviram de andaime. Quando terminaram de fazer a parte de cima, não fecharam os buracos. Lembro que a gente ficava espiando a rua por eles.

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A primeira final

Mesmo nesta situação de calamidade, meu pai ensinou o boxe para nós desde criança. A coisa ficou séria quando eu tinha 10 anos e ele montou um ringue improvisado no quintal de casa. No início, não tinha luvas, nem saco de pancadas e eu batia na bananeira de mão limpa.

Quando eu estava com 13 para 14 anos, meu irmão Yamaguchi, que é dois anos mais velho e estava fora havia algum tempo lutando boxe, ligou: "Vê um irmão aí, pai. O Esquiva ou o Tomas Edson para poder vir para São Paulo. Tem uma luta aqui e consigo encaixar um deles".

Touro Moreno foi na janela e fez eu lutar contra o meu irmão. Ele era o juiz e decretou que venci. Meu irmão ficou bravo, chorou, reclamou que meu pai puxou meu saco porque eu era o mais velho.

Foi minha primeira luta da vida valendo alguma coisa. Fui para São Caetano do Sul treinar com o Servílio de Oliveira, primeiro brasileiro a ganhar medalha de boxe numa Olimpíada, em 1968.

Era a primeira vez que eu saía do meu bairro. Achei a rodoviária de São Paulo gigante, uma cidade. Um centro de treinamento de boxe me esperava e eu estava muito ansioso para conhecer os treinadores, o clube de boxe, os outros lutadores.

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Decolando

Viajei para uma luta que poderia mudar minha vida. Se eu ganhasse, ficaria em São Caetano. Se perdesse, voltava para casa. Eu assistia na Band as lutas dos meninos da seleção e queria ser igual a eles. Fiz uns 10 dias de treinamento e decidi meu futuro no ringue do Centro Olímpico. Ganhei por pontos. Fiquei felizão.

A cada campeonato que eu lutava, eu crescia. Era um sonho treinar e lutar fora do meu estado. Até que o Servílio veio em mim e falou. "Você vai disputar a Forja dos Campeões e veremos até onde vai".

Na Forja precisa ter 17 anos e eu só estava com 16 anos. Mas era um campeonato de gente virgem de boxe. Eu comecei a lutar com 10 anos e, mesmo pegando uns caras dois anos mais velhos, ganhava fácil. Depois, fui para o Luva de Ouro, que é o segundo passo na carreira de pugilista. Venci duas lutas e deu ruim.

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O sonho acabou

Eu estava no ringue pronto para lutar quando o locutor Newton Santos anunciou que o atleta do córner vermelho, Esquiva Falcão, estava desclassificado por ter somente 16 anos. Eu desci do ringue chorando. Faltavam só 10 dias para completar 17 anos. Mas explicaram que se o juizado aparecesse, daria problema.

O Servílio disse para eu voltar para Vitória e retornar quando completasse 18 anos, aí não teria mais nenhum problema. Em São Caetano, eu estava amarradão com a rotina de atleta profissional. Fazia sparring três vezes por semana e treinava de manhã e à tarde. Aprendi muita coisa, e voltei com uma mão na frente e outra atrás para o Espírito Santo.

Fiquei meio ano sem fazer nada até que entrei para o tráfico. Não cheguei a usar, graças a Deus, mas vendia.

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Amor bandido

Eu tinha um amigo que precisava comprar presente para o Dia dos Namorados e fez a proposta. "O que você acha de a gente pegar um dinheiro, ir lá na boca e pedir umas cargas para vender? Nós vendemos uma ou duas vezes, você faz um dinheiro e, com a minha parte, eu posso comprar o presente".

Pegamos maconha, crack e pó. Mas não foi uma ou duas vezes. O dinheiro vinha que nem água. Era um dinheiro amaldiçoado. E fiquei nessa por seis meses. Um dia o dono da boca me deu uma arma. Passei uma semana com um revólver na cintura.

Não sabia nada da vida, tinha 17 anos, e estava andando armado. Até que um rapaz da boca que gostava muito de mim e me chamava de Neguinho disse aquilo que comentei lá no começo da história. Passou três dias e o telefone público que tinha perto de casa tocou e mandaram me chamar. O Raff Giglio me convidou para ir ao Rio.

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Solta o pancadão

Eu aceitei porque gostava muito de funk. Sabe aqueles caras que vão para o baile brigar? Era eu. Cheguei com o pensamento de curtir o Rio. Lembro de um cara me mostrando a academia, a família e um galpão com duas salinhas, onde eu ia dormir. Não tinha cama, mas tinha os colchonetes que a galera usava para alongar.

Na primeira semana eu só enrolava nos treinos e chorava de saudade do meu pai e da minha mãe. Agora não era como São Caetano, que tinha meu irmão junto. Aí, o Raff me jogou a real.

"Fiquei sabendo que você estava envolvido com coisa errada no Espírito Santo. Aqui não tem nada disso. A única coisa que vai fazer é treinar".

E eu achando que meu pai não sabia de nada. Ele fez que nem o dono do mercado, só fingia que não sabia. Mas com a rotina tudo ficou para trás. Eu voltei a acreditar que poderia ser um atleta. Foi assim que comecei a viajar para São Paulo quase toda semana para competir.

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Esquiva é seleção

Fui para meu primeiro Campeonato Brasileiro lá por 2007 ou 2008. Na final, lutei com o campeão do Pan-Americano do Rio e perdi no detalhe. Qualquer medalha no nacional nesta época dava Bolsa Atleta e consegui R$ 800 por mês. Neste mesmo dia, ainda fui convocado para a seleção brasileira.

Nisso, bateu uma decisão muito difícil. Eu teria de deixar o Raff e ir para São Paulo de novo. Ele foi muito legal comigo. Para me fazer entender o que estava em jogo, o Raff usou a vontade que eu tinha de por meu nome no quadro de famosos dele.

"Esquiva, se você quer ser um atleta grande no Brasil e no mundo, um dia assinar meu quadro de pessoas que fizeram muito pelo esporte, você tem que ir para a seleção brasileira. Sei que é difícil porque você gosta da rapaziada aqui, galera família. Mas se um dia você for para lá e não der certo, pode voltar que a academia está de porta aberta".

Abracei todo mundo, chorei e comecei minha jornada na seleção.

Campo minado

Minha nova moradia era um alojamento embaixo de um ginásio em Santo André. Só a equipe A tinha uma casa. Meu irmão Yamaguchi foi o pioneiro de novo e estava lá para me receber e ensinar as regras do lugar.

"Aqui tem uma coisa, Esquiva. Não toma nada da geladeira porque os atletas fazem muita maldade. A pessoa compra um suco e outro atleta toma. Eles tomam um pouco e colocam laxante para o atleta beber e no outro dia não ir treinar".

A seleção era um ambiente duro. Mas também era uma vitrine. Abriram um liga de boxe no México e fui lembrado. Fui morar durante seis meses em um dos países mais tradicionais do esporte. Voltei para Santo André em tempo de disputar a vaga nas Olimpíadas de 2012.

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Surpreendendo pela primeira vez

A primeira seletiva era no Mundial de 2011. E, depois, havia um pré-olímpico no Rio de Janeiro. Os bonzões se classificam no Mundial. As sobras iam tentar a sorte no pré-olímpico.

A minha primeira luta no Mundial era dia 1º de outubro e teve uma conversa sobre as passagens de volta já estarem compradas para essa mesma noite. Tinham certeza que todo mundo iria perder na estreia.

Havia três treinadores na seleção e um deles falou que eu fui como zebra. Ninguém achava que eu tinha chances porque nenhum brasileiro jamais tinha se classificado no Mundial. Esperavam que eu perdesse e no pré-olímpico levariam outro lutador sem poderem ser acusados de não terem me dado uma chance.

Nenhum deles acreditava, mas eu sim. Voltei com medalha e vaga. E boxe é assim: mesmo se eu me machucar, não pode por outro no meu lugar. Eu acredito que alguns ficaram felizes com minha classificação, mas não foram todos. Tinha muita gente de cara fechada pro meu lado. Na cabeça de alguns, eu estava indo como o menino que deu sorte.

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Uma surpresa maior ainda

O Brasil não ganhava uma medalha no boxe desde o Servílio de Oliveira. Pois calhou de dois ex-atletas dele acabarem com a seca. Yamaguchi Falcão, meu irmão mais velho, levou o bronze e eu ganhei a prata. Para saber o tanto que ela significa para mim, te conto como trato minha medalha.

Se alguém vai bater foto, deixou no meu pescoço e falo para a pessoa pegar só na pontinha. Tudo que eu te contei acima passou na minha cabeça na hora que eu recebi a medalha. Teve uma época que a coisa apertou e pensei em vender a medalha, mas na mesma hora me arrependi. Ela significa os valores que o dinheiro não compra.

E era o símbolo de um feito ainda maior. Eu não fui na abertura dos Jogos Olímpicos porque lutava nos primeiros dias. Na cerimônia de encerramento, me escolheram para carregar a bandeira brasileira. Coisa de outro mundo!

Mas eu perdi a delegação brasileira na entrada. Tem até um vídeo meu procurando a equipe. Passo por todos os países e não acho ninguém do Brasil. Fui parar num corredor e tinha um famoso que filmou esse momento. Era o Seu Jorge. Foi uma briga para achar o pessoal. Os seguranças não queriam deixar eu retornar para a área dos atletas.

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Bom filho à casa torna

Chegaram as passagens de volta. Primeira classe, outro nível. Como o Rio de Janeiro ia sediar a Olimpíada seguinte eu, o meu irmão, a Maurren Maggi e o Robert Scheidt íamos levar a bandeira do movimento olímpico.

O Eduardo Paes [então prefeito do Rio] estava no voo e foi embora do aeroporto do Galeão num carro particular. Os atletas foram numa van. Na saída, apareceu uma multidão. Era gente pobre. A van parou, abriu uma portinha e veio uma mulher falando para não deixarmos fazer as Olimpíadas no Brasil.

"Estão destruindo as nossas casas e não estão dando lugar para a gente morar".

Ela estava pedindo socorro porque, para fazer os Jogos Olímpicos no Rio, estavam destruindo a casa deles. O cara que estava com a gente na van falou "não liga, não liga. Isso aí é coisa de política".

Aí fomos para uma cerimônia da bandeira olímpica. Tinha muita gente lá. Conheci a Dilma, ganhei beijo, abraço e ouvi parabéns da presidente. Depois, fomos nas favelas. Onde eu ia, era atração. Mas tipo, tem a fama, mas não tem dinheiro. O que você ganha não corresponde ao tamanho do teu feito.

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Choque de realidade

Depois de cinco dias fazendo tour e papel de trouxa andando ao lado de políticos, gravando entrevista e passando o que eu não sou, fui para o Espírito Santo. No aeroporto de Vitória também havia uma multidão. E tinha minha esposa, meus pais, irmãos e amigos usando uma camiseta estampada com minha foto segurando a medalha.

No outro dia, chegou um carro de bombeiros na porta de casa para a gente fazer um desfile. Passamos pelas praias, os cartões postais e terminamos no palácio do governador, que era o Renato Casagrande.

Ele recebeu eu e meu irmão que é uma beleza. Somos de uma família humilde e esperávamos, como de todos os outros políticos, uma proposta. Ele deu dois presentes para gente, duas estátuas no prédio do palácio do governo. Rapaz, nós olhamos para a cara dele e a vontade era pegar aquela escultura do palácio e jogar fora.

A dificuldade que a gente passou e os políticos aproveitando a nossa imagem para ganhar voto, ganhar popularidade... Deu vontade de jogar na cara dele. É triste.

E voltei para minha casinha de mãos abanando. Tantas coisas que eu passei e não consegui rebocar a casa da minha mãe.

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Esquiva Falcão continuou na pobreza durante um ano esperando uma proposta do movimento olímpico. Ela não veio, e o pugilista se profissionalizou, o que o impede de competir nas Olimpíadas.

O boxeador é apontado como possível futuro campeão do mundo. Esquiva segue invicto na carreira: 24 lutas e 24 vitórias, sendo 16 delas por nocaute.

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Minha História

Os Jogos Olímpicos de Tóquio, originalmente marcados para agosto de 2020, foram adiados para o ano que vem. Com todo o mundo impedido de sair de casa, os atletas tiveram de parar, pensar e traçar planos para recomeçar. Para marcar essa etapa, o projeto Minha História, do UOL Esporte, em que grandes nomes do esporte nacional contam, em suas palavras, o que viveram para chegar ao topo, vai levar até você relatos dos grandes nomes do esporte brasileiro que devem brilhar no Japão.

A primeira edição teve o campeão olímpico do salto com vara de 2016 Thiago Braz, que fez um relato sincero sobre relacionamentos, como o que está reconstruindo com seus pais, e amizades, como as com o saltador Augusto Dutra, o treinador Elson Miranda e o fisioterapeuta Damiano Viscusi, que morreu em 2017.

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