Se eu faria tudo de novo? Claro que eu faria. Não me arrependo de nada. Daria minha vida pelo Enzo.
Mas não foi fácil.
Uns meses antes da adoção, eu havia batido o martelo. Entre o sonho de ser judoca e o de entrar em Medicina, iria pelo primeiro, já que as duas coisas, ao mesmo tempo, no Brasil, são quase impossíveis. Decidi cursar psicologia, enquanto treinava.
Meu sonho é chegar às Olimpíadas e até abriria mão de qualquer coisa por ele. Menos de ficar longe do meu filho. Por isso, nunca saí de Curitiba, onde defendo a Sociedade Morgenau - todo o resto da seleção que vai para Paris está nos grandes clubes do país: Flamengo, Sogipa, Pinheiros, Minas.
Tive propostas de outros lugares, cheguei a pensar quando eu tinha meus 18 anos, mas aí veio o Enzo. Se eu sair do Paraná eu não poderia levar ele comigo, por não ter rede de apoio, nem condições financeiras. Além disso, o Enzo é muito apegado ao pai.
Quando estou em Curitiba, tento passar o máximo de tempo com ele, porque viajo muito e não posso levá-lo. Quando a competição é no Brasil, quase sempre tento levar, mas ele já tem 8 anos, está sendo alfabetizado, não pode ficar faltando na escola.
Na noite anterior aos campeonatos, a gente fala por telefone, e ele gosta de acender uma velinha para pedir para Deus para dar tudo certo. Depois da competição, tem sempre foto dele torcendo por mim, me assistindo, e isso é minha maior inspiração.
O Enzo, desde pequenininho, sempre amou a cidade de Paris, antes mesmo de saber que os Jogos Olímpicos seriam lá. Meu maior sonho é que ele consiga me assistir competindo em Paris.