Como é possível um treinador com um grande currículo, que tem São Paulo e Corinthians, ser mais lembrado por suas passagens pelo interior, no início de sua carreira? É fácil entender quando se fala de Vadão, que morreu ontem (25), aos 63 anos. Ele não foi marcado pelos títulos que venceu, mas foi daqueles que prova que, no esporte, ainda assim é possível deixar o chamado "legado", que tantos perseguem e nem sempre conquistam.
Vadão construiu sua reputação às margens dos grandes centros. No futebol paulista, ganhou destaque no interior marcando época no Mogi Mirim. Conciliou a paixão de torcedores de Guarani e Ponte Preta. Ele chegou à capital há 20 anos para dirigir Corinthians e São Paulo, mas, depois, gradativamente, foi se afastando dos hofolotes mais intensos. Até que, nos últimos anos de carreira, topou a empreitada de comandar a seleção feminina, que —ainda— vive à sombra dos astros consagrados do masculino.
Entre os atletas, é lembrado pelas oportunidades oferecidas quando a grama não era verdinha nos campos pelo Brasil afora. Vadão foi responsável por lançar dois jogadores eleitos melhores do mundo: Rivaldo e Kaká. Nos bastidores, o que fica é uma lembrança de simplicidade e idoneidade.
Quem poderia imaginar um ex-técnico ir à apresentação de sua substituta? Lá estava Vadão para ver a chegada da sueca Pia Sundhage à seleção, mesmo depois de tantas críticas que recebeu após a queda nas oitavas de final do Mundial feminino no ano passado. O técnico era discreto, calmo e profissional em todas as atitudes. Até o final.
Faleceu aos 63 anos, vítimas de um câncer no fígado, contra o qual lutava desde o final de 2019, mas que só foi revelado à mídia há cinco dias. O UOL Esporte recupera sua história.