O jornalista Léo Batista foi homenageado no final da Copa América no Maracanã após a conquista brasileira sobre o Peru. A Globo queria, com a pauta, dar uma "segunda chance" ao octogenário jornalista.
Ele havia sido um dos 200 mil brasileiros que testemunharam com seus próprios olhos o "Maracanazzo" de 1950, episódio que cravou na psiquê nacional o complexo de vira-latas, algo que só seria chutado com a conquista do Mundial da Suécia, em 1958. Sessenta e nove anos depois, 49 com o crachá da Globo no peito, Batista ainda continua na ativa. Aos 86 anos, é um dos mais antigos funcionário da Globo.
Mas por que uma reportagem que abordará a longevidade feminina na televisão começa falando de um homem? Por que não há na Globo e nos principais canais da TV brasileira uma mulher nas editorias de esporte que se aproxime do tempo de atividade e da idade de Leo Batista. A que mais chega perto disso, e ainda assim é 35 anos mais nova, é Mylena Ciribelli, que finalizou a cobertura do Pan de Lima pela Record ontem.
Não é exclusividade da TV esportiva. O "fenômeno" é reflexo de um problema geral no jornalismo televisivo. Enquanto ninguém se assusta com os cabelos cada vez mais brancos de William Bonner no Jornal Nacional, as mulheres sofrem para conseguir envelhecer na frente das câmeras. Há, é claro, profissionais que já ultrapassaram a barreira dos 50, mas aos poucos essas mulheres foram deixando postos de destaque em telejornais para seguir em carreiras mais voltadas ao entretenimento, com uma pegada mais leve.
O caso mais recente é de Sandra Annenberg, que passou o bastão para Maju Coutinho no Jornal Hoje e agora vai apresentar o Globo Repórter. Essa mesma movimentação já tinha acontecido com Fátima Bernardes, Mônica Waldvogel, Gloria Maria, entre outras.