Foguetes foram disparados durante um treino na direção do gramado do CT do Inter, que também sofreu tentativa de invasão. Dois meses depois, outro grupo cantou contra elenco e diretoria. De novo no mês seguinte, com faixa "salário em dia, futebol atrasado". O Colorado esteve entre os primeiros colocados durante a maior parte do Brasileirão — hoje, é líder e pode ser campeão antecipadamente já no próximo domingo.
Já o Flamengo sofreu em janeiro com morteiros, gritos de "time sem vergonha" e "fora Ceni" e cerco aos carros dos jogadores. O Rubro-negro também sempre esteve entre os primeiros da tabela de classificação e atualmente é um dos dois times que podem tirar o título de Porto Alegre.
No mesmo mês, foi no Atlético-MG — que foi líder por quase um terço do torneio e hoje é o terceiro colocado. Com o lema "muito investimento e pouco futebol", torcedores se revoltaram contra Jorge Sampaoli, chamado de "vacilão".
Não dá para esquecer do São Paulo, o caso mais grave. A caminho do Morumbi para enfrentar o Coritiba, o ônibus da delegação foi alvo de emboscada e apedrejado. Havia no local granadas com bolas de bilhar que podiam matar. Naquele momento, o São Paulo estava em má fase, mas apenas um ponto atrás da liderança.
São todos casos de violência recentes e que dizem respeito aos quatro melhores times do Brasileirão 2020. Nenhum dos possíveis campeões escapou da ira de sua própria torcida, mesmo num ano de calendário apertado, lesões e covid-19. Isso significa que o torcedor está mais impaciente, ou a própria pandemia ajuda a explicar a agitação? O que se vive no país sobre o futebol é um estado de insatisfação constante, uma escalada da violência, a tal "bulimia de vitórias"? É o que tentamos responder.