As nuvens pretas no céu anunciavam: choveria forte em Novo Horizonte, no interior paulista. Dali a duas horas, mais ou menos, a água já caía com gosto e arrasava a cidade. As ruas pareciam um rio e faltavam apenas 45 minutos para o apito inicial de Grêmio Novorizontino x Ferroviária. Um jogo que não valia muito, porque os dois times já estavam classificados às quartas de final do Campeonato Paulista.
Enquanto a chuva mantinha um ritmo, sem trégua, um grupo de 60 pessoas se reunia em uma garagem ignorando a situação. O balanço lá dentro era diferente. Se quem está fora ouvia o barulho da chuva forte, dentro dos portões o que valia era o ritmo da caixa, do surdo e do repique. "Vocês não estão preocupados com a chuva? Capaz de não ter jogo, acho que o gramado não vai aguentar", questiona este repórter, incrédulo.
Não precisava. Novo Horizonte, uma cidade apaixonada por futebol, ficou 11 anos sem ter um time de futebol para chamar do seu. E não seria uma chuva, por mais forte que caísse, que iria atrapalhar isso. É a história dessa tarde, e de como uma cidade de apenas 36 mil habitantes reencontrou sua identidade graças a um novo clube (que terá, hoje, às 21h, contra o Palmeiras, a chance de se classificar para a semifinal do Paulistão), que você vai ler agora.