Quando a bola foi recuada para o goleiro Hugo Souza, do Flamengo, aos 42 minutos do segundo tempo do primeiro jogo das quartas de final da Copa do Brasil, Brenner não desistiu. Atacou a bola e, quando o goleiro tentou um drible, conseguiu roubá-la para fazer o gol que deu a vitória por 2 a 1 para o São Paulo. O atacante fez os dois daquele triunfo, que abriu caminho para a volta do Tricolor paulista às semifinais do torneio nacional.
Mais do que isso, a atuação consolidou Brenner como protagonista de um São Paulo que, agora líder do Brasileirão, volta a animar seu torcedor após eliminações vexatórias em Campeonato Paulista, Libertadores e Sul-Americana. A desenvoltura do jovem atacante diante das traves é algo que motiva em Fernando Diniz uma frase singular: "Brenner tem o carisma do gol. É muito talentoso. É técnico e frio".
Não foi à toa, então, que, num momento de pressão, convivendo há semanas com a ameaça da demissão, o treinador não teve dúvidas e recorreu ao atleta. Sorte dele e também do torcedor são-paulino, por ter ao seu lado um jogador talentoso, que já fez 18 gols em 31 partidas.
O talento do garoto de 20 anos, porém, poderia figurar do outro lado daquele jogo das quartas de final da Copa do Brasil se não fosse por um homem. "Eu iria levá-lo para o Flamengo, mas o Brenner me disse: sou são-paulino, Profeta. Quero ir para o São Paulo", explica o primeiro professor de futebol do artilheiro.
O personagem em questão é Carlos Roberto Cabral, o "Profeta", que revelou em Cuiabá (MT) Brenner e mais três jogadores que passaram por seleções brasileiras de base. Tudo isso sem que ele próprio consiga andar direito: o Profeta foi vítima de poliomielite quando tinha apenas 12 meses e lutou para sobreviver durante seis anos.