Um atleta que perde a vontade de vencer é como uma pessoa que não vê mais sentido na vida. Essa foi a sensação de Henrique Avancini, o maior ciclista que o Brasil já teve. Ele demorou para entender e, consequentemente, reconhecer, mas estava se afundando em uma depressão.
Foram três anos de angústia que incluíram a internação da filha de quatro anos, uma infecção que prejudicou sua capacidade respiratória e uma estranheza ao sentir desânimo sempre que chegava em uma competição. Avancini custou a reconhecer que precisava desacelerar para cuidar da própria saúde mental.
Quando finalmente expôs o problema aos familiares e à equipe, preferiu omitir a grande decisão que tinha tomado: a aposentadoria aos 34 anos. Três semanas antes de competir no Mundial de Mountain Bike em agosto deste ano, em Glasgow, na Escócia, Avancini diz ter sentido uma serenidade que o levou a optar pelo fim da carreira em caso de título. Foi isso que aconteceu.