Na época do estudo do CIES, Geninho ainda comandava o Vitória. Aos 72 anos, era o nono treinador mais velho do mundo. Foi demitido. Seu substituto é Bruno Pivetti, quase 40 anos mais jovem. Desde 1984 na carreira, ele é campeão brasileiro em 2001, pelo Athletico Paranaense, e já passou por clubes como Santos, Atlético-MG, Bahia, Corinthians, Vasco, Sport, Botafogo e outros 26. Confira um papo com o técnico:
Quais foram as razões da sua saída do Vitória? Você sente por não dar sequência ao trabalho?
Infelizmente, surgiu a pandemia do coronavírus e o futebol ficou parado. O Vitória está em uma situação financeira complicada, então eu e o presidente achamos melhor que o contrato fosse encerrado para o clube não ficar com mais essa pendência. Sinto muito, sim, estávamos no caminho certo e sei do potencial daquela equipe, mas foi melhor para o clube e fico na torcida de que logo as coisas melhorem por lá.
Você assumiu o Vitória perto da zona de rebaixamento e terminou a Série B de 2019 em uma posição confortável. Qual balanço faz dos nove meses de trabalho?
Foi um trabalho consistente, a gente sabia de todas as dificuldades e que precisávamos dos resultados. Trabalhamos muito e a equipe entendeu nosso ponto de vista e abraçou a ideia. O elenco é muito comprometido e isso nos deu bastante respaldo, colhemos o que trabalhamos no dia a dia.
Seu substituto no comando do Vitória, o Bruno Pivetti, tem apenas 35 anos. Como vê essa entrada de novos nomes no futebol brasileiro?
Não gosto de nomenclaturas, acho que tem espaço para todos os bons no futebol. Seja novo ou experiente, se não for um profissional bom, não irá para frente. Todos precisam trabalhar e quando contribuem para a melhoria do futebol é sempre bem-vindo. O Bruno é um profissional competente e íntegro, tem total condição de ir bem no Vitória.
Em junho, saiu um estudo internacional em que seu nome apareceu como o 9º mais velho treinador de futebol em atividade do mundo. Como recebe a informação? Em que dimensão a idade ajuda ou atrapalha na profissão?
Fico lisonjeado de ser lembrado. Acho que a experiência e o conhecimento ajudam e muito na profissão, seja com contatos, com a forma de entender uma situação no campo ou trabalho e ter a percepção das coisas, como é na vida.
Recentemente, aconteceu uma onda de renovação de treinadores no futebol brasileiro após o título do Fábio Carille no Corinthians. Essa onda sumiu: hoje o país tem uma das maiores médias de idade do mundo. O que você acha desses modismos, do tipo treinador jovem, velho, estrangeiro, estudioso...?
Como na resposta acima, a gente não precisa nomear ninguém. O profissional deve ser bom e ponto. Se está contribuindo para o futebol, seja com novas técnicas, novas formas de treinos ou formação tática, não importa, precisamos de pessoas boas e honestas no futebol.
Você acha que existe preconceito contra treinadores de futebol idosos no Brasil? Sente-se motivado a seguir na carreira?
Não vejo um preconceito, não. Sempre que eu sentir o frio na barriga quando chegar a um estádio sei que estou motivado para seguir ainda mais tempo trabalhando.