Neste momento, o ex-atleta respira mais profundamente, faz uma pausa na fala, e leva a mão na cabeça. Alguns segundos em silêncio, aguardo o momento certo para continuar a entrevista. Ele retoma a fala, e permite a continuação da nossa conversa. A indignação é com a política brasileira, e a fala desta vez vem em um tom acima do comum mantido no diálogo.
Oscar fixa o olhar para a câmera do computador, talvez como se olhasse para os milhares de brasileiros que acompanham seu trabalho, e mostra o arrependimento em ter votado no então candidato Jair Bolsonaro para presidente da República.
"Eu votei no Bolsonaro, tinha um otimismo danado nele, muito mais que a maioria das pessoas. Mas todos os dias o cara dá chance pro azar. Eu achei que seria diferente. Confiei e me arrependi. Ele tem mostrado ser outra pessoa, com um despreparo danado para ocupar um posto tão importante. É muito triste durante uma pandemia a gente ainda ter que se preocupar com política. Esse vírus não tem partido, ele pode matar qualquer um. E pra quem ainda chama isso de gripezinha, isso me deixa louco".
Oscar, para quem não sabe, já participou de uma eleição. Em 1998, o então jogador de basquete ficou em segundo lugar na disputa pelo Senado por São Paulo (na foto acima, em campanha com Paulo Maluf). Na época, obteve 5.752.202 votos. De lá para cá, não se engajou partidariamente, mas sempre buscou se posicionar, principalmente agora, quando a atenção com a saúde tem que ser redobrada. Mais uma vez, condena o presidente Bolsonaro pela conduta diante da crise ocasionada pela pandemia do novo coronavírus.
"Eu acho que falta humildade dos políticos brasileiros. Falta humildade porque tem gente morrendo e eles querem discutir posições ideológicas. Como o presidente vai a pé do Planalto até o Supremo, fala para mim? Como ele se enfia no meio de uma manifestação? Ninguém aprova isso. Você é exemplo, tem que ser exemplo, meu amigo. Usa a máscara, troca a roupa, deixa o sapato fora de casa. Meu ídolo é o Moro. Como você tira ele do Governo, me diz?", desabafa.