Os cavaleiros do APORCOLIPSE

Palmeiras é campeão brasileiro de 2022 empurrado pelo quarteto formado por Weverton, Rocha, Gómez e Dudu

Diego Iwata Lima Do UOL, em São Paulo

O livro do "Apocalipse" é considerado uma mensagem codificada, segundo estudiosos, sobre o fim dos tempos. O principal ponto da mitologia são os quatro cavaleiros, "a Peste", "a Morte", "a Fome" e "a Guerra", que virão instalar o caos na Terra antes do Juízo Final, quando Deus virá julgar os vivos e os mortos.

Essa simbologia há tempos furou a bolha religiosa e caiu na cultura pop.

O Palmeiras campeão brasileiro de 2022, que acaba com as provocações dos rivais sobre o reconhecimento das conquistas nacionais, tem sua versão da alegoria. Mas, no caso alviverde, em vez do caos, os Cavaleiros do Aporcolipse trazem o equilíbrio: a Segurança, a Calma, a Força e a Fúria formam a base de uma equipe madura, consciente de seu papel, de suas limitações e, acima de tudo, vencedora.

Assim como o apóstolo Pedro no Cristianismo, o quarteto alviverde formou a pedra fundamental sobre a qual o Palmeiras edificou seu 11º título brasileiro.

YURI MURAKAMI/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Quando a festa explodiu

O Palmeiras ainda não tinha entrado em campo na rodada do dia 2 de novembro quando veio o título. O Internacional perdeu para o América-MG por 1 a 0, quase quatro horas antes. Os 74 pontos atingidos na semana passada, após 3 a 1 sobre o Athletico-PR, eram inatingíveis. A conquista veio três rodadas antes do fim do torneio. Foi assim que a torcida na porta do estádio palmeirense começou a festa.

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Ettore Chiereguini/AGIF

O jogo que coroou a campanha

Com o título assegurado, o Palmeiras ainda tinha uma missão na quarta-feira de Finados: enfrentar o Fortaleza no Allianz Parque lotado. O time de Abel Ferreira fez o que era esperado: dominou o rival desde o início, jogou por música e venceu por 4 a 0. Teve gol de Dudu, um cavaleiros do Aporcolipse, mas teve tembém de Endrick, em sua primeira partida como titutlar.

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A Segurança: Weverton

Titular da meta do Palmeiras desde 2018, Weverton se consolidou como o melhor goleiro em atividade no futebol brasileiro. Reconhecimento feito pela comissão técnica da seleção brasileira, que terá no camisa 21 palmeirense um de seus 26 convocados para a Copa do Mundo do Qatar.

O Campeonato Brasileiro de 2022 foi o segundo da carreira do acreano — o primeiro foi em 2018, também pelo Palmeiras. O currículo tem ainda duas Copas Libertadores, em 2020 e 2021, e uma Copa do Brasil, além da Recopa Sul-Americana em 2022 e dois Paulistas, em 2020 e 2022.

Weverton faz valer como poucos uma velha máxima no futebol: todo bom time começa com um ótimo goleiro. Até o momento, Weverton deixou o campo sem ser vazado em 15 oportunidades. A cada dois jogos disputados, em um o goleiro palmeirense não é superado pelos adversários.

Aos 34 anos, Weverton já colocou seu nome na galeria dos maiores goleiros do Palmeiras. É difícil fazer qualquer comparação com algumas lendas que defenderam a meta alviverde, como Oberdan Cattani, Valdir de Morais, Emerson Leão, Velloso, Marcos, Fernando Prass e tantos outros. Mas Weverton segue escrevendo sua história no Verdão, com títulos, pênaltis defendidos e atuações inesquecíveis.

Os 5 gols mais bonitos da conquista

Lucas Figueiredo/CBF

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Segundo apurou o UOL Esporte, a taça de campeão do Brasileirão será entregue pela CBF apenas no dia 9 de novembro, no jogo contra o América-MG, pela 37ª rodada, também na arena alviverde, às 21h30 (de Brasília).

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Reprodução/Instagram

Scarpa puxa fila de comemorações de jogadores; assista

Como os jogadores da equipe paulista ainda estavam na Academia de Futebol quando o título foi garantido, a celebração do hendeca foi nas redes sociais. O mais empolgado era Scarpa. Veja no link abaixo o vídeo.

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A Calma: Marcos Rocha

Com sua tranquilidade, Marcos Rocha ajuda a trazer aos colegas a paz que compõe 50% do mantra "Cabeça Fria, Coração Quente" de Abel Ferreira.

Quando chegou ao Palmeiras, no começo de 2018, Marcos Rocha já carregava no braço esquerdo uma tatuagem com as taças da Copa Libertadores, da Copa do Brasil, da Recopa Sul-Americana e do Campeonato Mineiro, títulos que conquistou pelo Atlético-MG. Mas faltava um troféu para a coleção: o Campeonato Brasileiro.

"Tenho mais espaço para tatuar algumas taças", dizia Marcos Rocha, semanas após chegar ao Palmeiras. "Estou pensando primeiro em construir minha história, conseguir os títulos, dar alegria ao nosso torcedor. Depois, simbolizar e marcar no corpo", completou.

Rocha foi um jogador que a torcida do Palmeiras aprendeu a gostar. Experiente, discreto e calmo, o lateral superou as críticas e os questionamentos e se tornou um dos pilares da equipe de Abel Ferreira. Capitão na ausência de Gustavo Gómez, Rocha construiu uma história no clube tão sólida como uma defesa que ninguém passa.

Ao todo já são oito troféus levantados com a camisa alviverde. Pelo Palmeiras, Marcos Rocha conquistou dois Brasileirões, além de duas Libertadores, uma Copa do Brasil, uma Recopa e dois Paulistas.

A Força: Gustavo Gómez

Gustavo Gómez talvez seja a contratação mais certeira do Palmeiras deste ciclo vencedor iniciado em 2015. Desejado pelo Boca Juniors (ARG), o jogador desembarcou na Academia de Futebol sem muito alarde em 2018.

Mas não demoraria muito para o paraguaio se tornar não só titular absoluto, como também capitão do Palmeiras —cargo que ocupa desde 2020, com a chegada de Abel Ferreira ao Alviverde, e que também ostenta na seleção de seu país.

Com a tarja no braço, levantou as Libertadores de 2020 e 2021, a Copa do Brasil de 2020, a Recopa e o Paulista de 2022 e, agora, o Brasileirão desta temporada. Conquistou ainda o Brasileiro de 2018 e o Paulista de 2020.

Gómez tem ainda uma veia artilheira, que soube se aproveitar muito bem do excelente ano de Gustavo Scarpa, que lhe deu a maior parte das assistências. Com 11 gols, Gómez é o zagueiro que mais fez gols pelo time em uma única temporada, superando os dez anotados por Júnior Baiano em 1999.

Assim como já fizera com Luan desde sua chegada, Gómez encontrou em Murilo um parceiro ideal. Juntos, os beques comandaram a defesa mais eficiente do campeonato, que não deve chegar a 30 gols sofridos em 38 rodadas.

A Fúria: Dudu

Dudu é mais que um atacante, um jogador e até mais que um ídolo. Dudu é um símbolo.

Foi a sua contratação, em 2015, que catapultou o Palmeiras ao patamar em que o Alviverde queria se firmar novamente, como um clube de primeira linha. Algo que começou a conseguir quando ganhou, de São Paulo e Corinthians, a queda de braço pela contratação do então jogador do Dínamo de Kiev (UCR).

Dudu, aos 30 anos, aparenta estar um pouco mais tranquilo. Fruto da maturidade, mas também de uma situação extracampo mais estável. Mas a fúria que era sua marca na chegada ao Palmeiras, refletida em expulsões e confusões, ainda está ali. Quem o conhece sabe.

Em vez de transparecer na forma de brigas, porém, a ira de Dudu é hoje canalizada e transformada em ímpeto no campo de jogo. A vontade do atacante por cada lance parece ainda maior do que era na sua juventude. Ninguém ganha da torcida a alcunha de "Dudu Guerreiro" à toa.

Dudu é o jogador do elenco que mais conquistou títulos com o clube. Do ciclo iniciado em 2015, ele só não participou da Copa do Brasil de 2020. Venceu a Copa do Brasil de 2015, os Brasileiros de 2016 e 2018, participou das campanhas do Paulista e da Libertadores de 2020, conquistou a Libertadores de 2021, o Paulista, a Recopa e o Brasileiro de 2022.

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O Aporcolipse: maior campeão nacional

Com a conquista de hoje, o Palmeiras chega a 11 títulos de Campeonato Brasileiro na contagem unificada. A revolução não é apenas que, agora, o alviverde se isola ainda mais no topo desse ranking — o Santos, com oito conquistas, vem na sequência.

Até agora, havia quem contestasse a contagem que equiparou, em 2010, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa e a Taça ao Brasil ao Brasileirão disputado desde os anos 1970. Mas a partir de 2022, o Palmeiras é o mais vitorioso clube do país também sem a unificação.

Desde 1971, o Palmeiras levantou o Brasileirão sete vezes: 1972, 1973, 1993, 1994, 2016, 2018 e 2022. É o mesmo número de Corinthians e Flamengo — a CBF não reconhece o Flamengo como campeão brasileiro de 1987, já que Justiça determinou o Sport como campeão naquela temporada.

Palmeiras/Site oficial

Se a disputa for para o campo de títulos nacionais como um todo, a liderança do Palmeiras também permanece. Com 16 troféus, o Palmeiras abre dois títulos de distância para o Flamengo que, com a conquista da Copa do Brasil, foi a 14.

A conta do Palmeiras, além dos 11 títulos brasileiros, traz quatro Copas do Brasil e uma Copa dos Campeões. O Flamengo tem sete brasileiros, quatro Copas do Brasil, duas Supercopas e uma Copa do Campeões.

Vale ainda relembrar que, em fevereiro, alviverdes e rubro-negros jogam a Supercopa do Brasil, que pode colocar o Flamengo mais perto do Verdão ou ampliar a vantagem palmeirense.

Veja abaixo o ranking completo

1º - Palmeiras: 16 títulos (11 Brasileiros, 4 Copas do Brasil e 1 Copa dos Campeões)

2º - Flamengo 14 títulos (7 Brasileiros, 4 Copas do Brasil, 2 Supercopas e 1 Copa dos Campeões)

3º - Corinthians: 11 títulos (7 Brasileiros, 3 Copas do Brasil e 1 Supercopa)

4º - Cruzeiro: 10 títulos (4 Brasileiros e 6 Copas do Brasil)

5º - Santos: 9 títulos (8 Brasileiros e 1 Copa do Brasil)

6º - Grêmio: 8 títulos (2 Brasileiros, 5 Copas do Brasil e 1 Supercopa)

7º - Atlético-MG: 7 títulos (2 Brasileiros, 2 Copas do Brasil, 1 Supercopa, 1 Copa dos Campeões Estaduais e 1 Copa dos Campeões da Copa do Brasil)

8º - São Paulo: 6 títulos (6 Brasileiros)

9º - Fluminense: 5 títulos (4 Brasileiros e 1 Copa do Brasil)

9º - Vasco: 5 títulos (4 Brasileiros e 1 Copa do Brasil)

11º - Internacional: 4 títulos (3 Brasileiros e 1 Copa do Brasil)

12º - Botafogo: 2 títulos (2 Brasileiros)

12º - Bahia: 2 títulos (2 Brasileiros)

12º - Sport: 2 títulos (1 Brasileiro e 1 Copa do Brasil)

12º - Athletico-PR: 2 títulos (1 Brasileiro e 1 Copa do Brasil)

13º - Coritiba: 1 título (1 Brasileiro)

13º - Guarani: 1 título (1 Brasileiro)

13º - Criciúma: 1 título (1 Copa do Brasil)

13º - Juventude: 1 título (1 Copa do Brasil)

13º - Paulista: 1 título (1 Copa do Brasil)

13º - Santo André: 1 título (1 Copa do Brasil)

13º - América-RJ: 1 título (1 Torneio dos Campeões)

13º - Grêmio Maringá: 1 título (1 Torneio dos Campeões da CBD)

13º - Paysandu: 1 título (1 Copa dos campeões)

13º - Paulistano: 1 título (Copa dos Campeões Estaduais)

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