Academia #3

Campeão paulista e da Libertadores agora vence a Copa do Brasil: que patamar este Palmeiras atingiu?

Do UOL, em São Paulo Lucas Figueiredo/CBF

A temporada do Palmeiras acabou do jeito que o torcedor se acostumou a ver ao longo da temporada 2020 (que só terminou hoje, em 7 de março de 2021): comemorando título. Campeão da Copa do Brasil em cima do Grêmio com uma vitória por 2 a 0 no Allianz Parque, o Verdão juntou a taça da competição nacional às do Paulistão e da Copa Libertadores, vencidas por um elenco que já está na história.

A temporada deveria ser apenas para arrumar a casa, diminuir o número de reforços que chegavam e aumentar o uso de atletas formados na base. Mas o grupo surpreendeu e se colocou como um dos maiores Palmeiras em 106 anos —e para quem discute o nível de algumas atuações, os resultados são incontestáveis.

Os títulos se acumularam. As conquistas vieram com vitórias em cima de rivais históricos. Primeiro o Corinthians. Depois o Santos. Agora, o Grêmio. O palmeirense mais ambicioso tem certeza que o time só não disputou, até o final, o título do Campeonato Brasileiro porque o calendário não deixou.

Ao passar tão bem por essas dificuldades, o Palmeiras deixa a esperança para o torcedor de que é possível conseguir ainda mais. Abel Ferreira, quatro meses no cargo, enfim, deve ter tempo para trabalhar. A base do elenco deve permanecer, dos veteranos aos garotos que roubaram a cena, e poderá mostrar o que pode ser feito sem o desgaste de quem preencheu todas as datas possíveis da agenda e jogou 79 vezes (para isso, o time teve de entrar em campo, às vezes, com intervalos de apenas dois dias).

Independentemente do que aconteça daqui para frente, o Palmeiras de 2020/2021 já está na história. No futuro, os feitos dessa temporada serão citados junto das duas Academias de Futebol (dos anos 60 e 70) e da Era Parmalat (anos 90). É difícil encontrar algo muito mais especial do que três títulos em uma mesma temporada.

Lucas Figueiredo/CBF
Ettore Chiereguini/AGIF

Verdão iguala times da Era Parmalat

O Palmeiras não tinha uma temporada com três títulos desde 1993, o ano em que saiu da fila de 16 temporadas sem ser campeão. A primeira conquista, assim como agora, foi o Paulistão em cima do Corinthians, na histórica goleada por 4 a 0.

Menos de um mês depois, o arquirrival também foi derrotado na decisão do Rio-São Paulo. A última taça foi a do Brasileirão, em dezembro, em cima do Vitória. Aquele foi o início de uma sequência de títulos na década que recolocou o Palmeiras na briga dos principais campeonatos da América do Sul.

Vanderlei Luxemburgo era o técnico daquele Verdão, e foi ele quem começou o trabalho nesta temporada. Ainda que o desempenho não tenha sido empolgante, foi o lendário técnico quem voltou a vencer o Corinthians na decisão do Estadual, nos pênaltis. Em outubro, foi demitido e substituído por Abel Ferreira, que também já marcou seu nome.

Lucas Figueiredo/CBF Lucas Figueiredo/CBF

Frases do tetra

[A família] Foi a primeira coisa que me lembrei logo depois de ganhar o título, vou ver se negocio para elas virem. A forma que eu compenso da saudade da família é com estes filhos que eu conquistei [risos]."

Ler mais

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, ao falar da ausência dos familiares em mais uma conquista no Brasil

É um ano perfeito, dentro do Brasil tudo que disputamos vencemos, exceto o Brasileiro em que todos sabem o que aconteceu. Estamos honrados de fazer parte de um grupo que fez história como nenhum outro."

Ler mais

Felipe Melo, volante do Palmeiras, após a conquista da triplice coroa pelo Palmeiras em cima do Grêmio

Fernando Roberto/Uaifoto/Folhapress

Foi um momento difícil para mim, quando começamos o mata-mata tive uma lesão, quase fiquei de fora da temporada inteira. Mas meus companheiros me ajudaram muito para que eu estivesse aqui."

Wesley, atacante do Palmeiras, sobre a contusão no joelho que o deixou de fora de parte da temporada.

Ler mais

Análise dos colunistas

Lucas Lima/UOL

Objetivo e organizado, Palmeiras conquista título com justiça

A conquista da Copa do Brasil pelo Palmeiras foi absolutamente clara. Nos dois jogos diante do Grêmio, vitórias por 1 a 0 e 2 a 0, o campeão da Libertadores foi mais organizado, objetivo, perigoso. O jogo de velocidade bem ajustado deu a Abel Ferreira o segundo título em sua ainda curta passagem pelo futebol brasileiro.

Ler mais
Arquivo pessoal

Com 15 títulos, Palmeiras é o maior campeão nacional

Dez vezes campeão do Campeonato Brasileiro (contanto os dois títulos da Taça Brasil (1960 e 1967), os dois do Robertão (1967 e 1976) e os 6 dos Brasileirão de 1971 para cá (1972, 1973, 1994, 1994, 2016 e 2018), o Palmeiras tem agora 4 títulos da Copa do Brasil (1998, 2012, 2015 e 2020), sendo o 3º maior campeão.

Ler mais
Uol

Com base e calendário insano, Palmeiras faz a sua melhor temporada

O Palmeiras fechou aquela que pode ser considerada a melhor temporada de sua história. Isso não significa que o time deste ano é o melhor da história. O torcedor mais velho conseguiria lembrar de cabeça de pelo menos três elencos que eram melhores do que esse, mas nenhum deles conseguiu ganhar tanto.

Ler mais

Wesley e Gabriel Menino levam Palmeiras à vitória final

Verdão vence Grêmio por 2 a 0 com gols de suas revelações

Cesar Greco

Abel Ferreira se põe entre Felipão e Luxa

Abel tem apenas 37 jogos pelo Palmeiras. São apenas 124 dias de trabalho, mas não é exagero colocá-lo na lista de grandes treinadores da história. Neste intervalo curto, o técnico levou o Verdão ao bicampeonato da Copa Libertadores e agora conquista um título nacional, na Copa do Brasil.

O Palmeiras fez a carreira do português de 42 anos de idade explodir. Ele já se mostrava promissor quando foi trazido do PAOK (GRE). Tinha no currículo, ainda, um trabalho consistente no Braga, de Portugal, mas ainda não tinha títulos no currículo.

Contratado para melhorar o desempenho antes bastante contestado da equipe e usar ainda mais as categorias de base, Abel surpreendeu internamente ao conseguir encurtar etapas e entregar resultados quase que imediatamente. Há, no clube, o entendimento de que a margem para crescimento é grande. O calendário que "puniu" o sucesso do Verdão fez com que Abel não tivesse tempo para treinar mais variações táticas.

Dando sequência à reconstrução do auxiliar Andrey Lopes (que dirigiu o Palmeiras por quatro partidas entre Luxa e Abel), o português se igualou a Luiz Felipe Scolari e Vanderlei Luxemburgo como os únicos a conquistarem dois títulos sob o comando do Palmeiras no século. Felipão venceu a Copa do Brasil de 2012 e o Brasileirão de 2018, enquanto Luxa ganhou os Paulistas de 2008 e 2020.

Ler mais
VAN CAMPOS/WPP/ESTADÃO CONTEÚDO

Força da base: a vez de Wesley

Patrick de Paula foi o cara da final do Paulistão, batendo o último pênalti contra o Corinthians com uma categoria ímpar. Danilo e Gabriel Menino foram os pontos de desequilíbrio na Libertadores —principalmente no jogo de ida da semifinal contra o River Plate. Na decisão contra o Grêmio, foi a vez de Wesley, autor do primeiro gol.

O atacante de 21 anos foi titular nas duas finais, após se recuperar de uma cirurgia no joelho esquerdo que o deixou fora por pouco mais de três meses. Diante da saída de Dudu e da irregularidade de Veron, que conviveu com problemas físicos na temporada, o camisa 47 acabou ganhando um espaço inesperado. O atacante voltou depois de jogar a Série B de 2019 no Vitória e foi crescendo.

Quando vivia seu melhor momento, acabou se machucando, no jogo contra o Red Bull Bragantino, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A volta de Wesley para as decisões foi um alento para Abel Ferreira, diante da falta de opções de velocidade, já que Breno Lopes, o herói da final da Libertadores, não pôde atuar, pois disputou o torneio pelo Juventude.

E os outros?

Danilo e Gabriel Menino tiveram problemas físicos perto dos jogos contra o Grêmio e acabaram ficando no banco de Felipe Melo e Zé Rafael —Menino ainda entrou no segundo tempo e fez o segundo gol, para definir a conquista. Patrick de Paula, herói no Paulista, contraiu a covid-19 e perdeu a primeira decisão e também jogou alguns minutos da etapa final.

Lucas Figueiredo/CBF Lucas Figueiredo/CBF

Os novos santos

Assim como são Marcos, Weverton, Gustavo Gómez e Felipe Melo já miram um lugar no olimpo verde

Reprodução/Twitter/Palmeiras

Apesar do discurso modesto que Weverton e Gustavo Gómez costumam adotar, é difícil não colocar a dupla na lista de ídolos do Palmeiras. O goleiro e o zagueiro foram protagonistas em todas as conquistas do clube desde 2018: Brasileiro (2018), Paulista (2020), Copa Libertadores (2020) e Copa do Brasil (2020). Premiados como melhores do último Brasileirão e sempre convocados pelas seleções do Brasil e do Paraguai, Weverton e Gómez são alicerces do elenco, que tinha menos reforços e mais garotos.

Cesar Greco

Líderes no vestiário, eles se juntam a Fernando Prass e Dudu, que lideraram a primeira etapa da Era Crefisa, entre 2015 e 2018. Felipe Melo, capitão da Copa do Brasil, perdeu boa parte da Libertadores, mas também entra na discussão de ídolos. Embora controverso, é um dos principais nomes do elenco. E a batalha para voltar da lesão mostrou força. Ele fraturou o tornozelo em novembro, com previsão de volta para quatro meses --que se completariam nessa semana. Ele, porém, já estava treinando dois meses depois da lesão.

Os papa-títulos

Além de Weverton, Gómez e F. Melo, outros jogadores acumulam taças com a camisa do Palmeiras

Cesar Greco/Palmeiras

"Jailsão" da massa

O principal deles é Jailson, no clube desde 2014 e o único remanescente do título da Copa do Brasil de 2015. Titular em boa parte da conquista do Brasileirão de 2016, também recebeu medalhas pelo Brasileiro de 2018 e as taças de 2020/2021.

Cesar Greco

Sempre campeões

Vinicius Silvestre, Mayke, Marcos Rocha, Lucas Lima, Gustavo Scarpa (f) e Willian estão entre os campeões em mais de uma temporada no Verdão. Luan, que já viveu grandes momentos, está na mesma lista, mas neste momento está em baixa.

Marcello Zambrana/AGIF

Os mais usados

Marcos Rocha e Willian (f) estão entre os mais utilizados nas três conquistas da temporada. O camisa 2 foi titular apesar de críticas. E o atacante é o jogador do elenco com mais partidas e o artilheiro do grupo com a camisa do Palmeiras.

Lucas Figueiredo/CBF Lucas Figueiredo/CBF

Futuro (ainda mais) promissor no clube

A temporada que acaba foi brilhante, mas o Palmeiras não terá tempo para se preparar para a próxima. O Campeonato Paulista já começou e quem sonha com uma pré-temporada terá de esperar por 2022. Ainda assim, o futuro é promissor para este elenco.

Apenas cinco jogadores têm contratos que se encerram nesta temporada: Alan Empereur, em julho, Jailson, Vinicius Silvestre, Felipe Melo, Luan Silva e Willian em dezembro.

Os garotos que chamam a atenção do mercado europeu possuem multas altas, como Gabriel Menino (60 milhões de euros ou R$ 406 milhões), Danilo (100 milhões de euros ou R$ 678 milhões) e Patrick de Paula (100 milhões de euros ou R$ 678 milhões).

Ainda que seja praticamente impossível negociá-los por estes valores, o clube está seguro para não ser obrigado a vender por valores baixos demais. Há, ainda, a busca por reforços no mercado da bola, como o atacante Santos Borré, do River Plate (ARG).

Com tempo para treinar e avaliar as deficiências do elenco, Abel Ferreira começa a nova temporada já consagrado, e com a possibilidade de conquistar ainda mais, dando sequência a um dos momentos mais vitoriosos da história alviverde.

Ettore Chiereguini/AGIF Ettore Chiereguini/AGIF

+ Especiais

Reprodução/Palmeiras

Campeão mundial ou não? O que o Palmeiras alega para validar o título da Copa Rio de 1951.

Ler mais
Silvia Izquierdo/Getty Images

Correção de rota: como as mudanças de 2020 (e as de 2015) valeram título da Libertadores.

Ler mais
Marcello Zambrana/AGIF

Com jovens da base decisivos, um novo Palmeiras quebra a sina de 12 anos sem o Paulista.

Ler mais
Cesar Greco/Palmeiras

Palmeiras deu adeus precoce ao Mundial, mas tem tudo para voltar em breve.

Ler mais
Topo