Em entrevista exclusiva ao UOL, Marcos ressaltou a importância daquela partida para a construção de sua imagem:
Qual a sua primeira memória daquele jogo contra o River em 1999?
Marcos: Eu lembro que, na época, o River já era um time experiente, com muitos títulos. A gente sabia que ia ter muita dificuldade para jogar. A gente achava que eles eram o bicho papão daquela Libertadores. Mas por termos passado por Vasco e Corinthians, a gente tinha confiança para entrar naquele jogo.
Qual a defesa que você mais gosta daquele jogo de ida?
A defesa que eu mais gosto daquele jogo é a primeira, cara a cara com o Saviola, logo no comecinho. Depois dessa primeira defesa, a gente pega confiança para seguir na partida. Eu fiz uma primeira defesa muito boa e fiquei confiante para o resto do jogo. Sabia desde o princípio que vinha muita bola no gol. A gente estava jogando fora e fiquei muito feliz de ter feito essa primeira defesa importante.
Nota da redação: A defesa a que se refere Marcos é a primeira no vídeo abaixo da Conmebol.
Qual a importância daquele jogo para a construção da sua imagem de ídolo e santo?
A importância é total. Não só do jogo, mas da conquista. Para minha imagem, foi... Nossa, antes da Libertadores, eu era reserva, não era ninguém. E fiz a Libertadores boa aquele ano, jogamos contra rivais fortes, não só os do Brasil, mas os de fora também, como o River. A partida é lembrada pelos torcedores do Palmeiras até hoje. Para a construção da minha imagem com os torcedores, esse jogo foi muito importante, extremamente importante.
Como você enxerga o jogo desta terça? Tem alguma semelhança? O fato de não ter torcida equilibra as coisas?
Eu acho que cada jogo é uma história. Naquela época, foi um grande jogo e eu acho que também vai ser um grande jogo o desta terça. O River hoje em dia é muito, muito, muito forte. Chega em todas as Libertadores, com Gallardo no comando há muito tempo, com uma equipe muito bem montada. O fato de não ter torcida é ruim, é chato, deixa o jogo frio, não tem calor do torcedor e cobrança que movimenta o jogo. Mas, com essa história da pandemia, é o que tem para hoje. Eu acho que está equilibrado e é tão importante e vai ser tão bom quanto o de 1999.
Há sempre os debates que o argentino é mais preparado mentalmente para a Libertadores. Você concorda? O que falaria se fosse fazer uma palestra no vestiário na terça?
Jogar contra argentino é sempre muito difícil. Acredito sim que eles são muito bem preparados psicologicamente, você vê pela cara, pelo semblante deles. Eles estão ganhando ou perdendo e estão com mesma aparência. Eles sempre mantêm o sistema tático igual, ganhando ou perdendo. E o fato de o River ter chegado a muitas semifinais e finais os deixa muito confiantes para isso. É diferente do Palmeiras, que há muitos anos não chega na final, né? Mas tudo isso pode ser revertido dentro de campo. Se cada jogador fizer a sua bem feita, tudo se equipara na hora. No jogo, tem o aspecto do grupo e tem o individual. O Palmeiras está vivendo um bom momento e tem tudo para conseguir a classificação. Como a gente sempre brincava na minha época: "cuidado com os argentinos que eles nunca estão mortos". Eles são bem psicologicamente, fisicamente e sempre são muito fortes em mata-mata.
(Por Danilo Lavieri, do Blog do Lavieri)