Foi como um conto de fadas: os japoneses precisavam de um herói para fazer a Fórmula 1 crescer no país. E um jovem e determinado piloto nascido do outro lado do mundo precisava de uma equipe competitiva para transformar todo o potencial que demonstrara nas categorias de base em títulos. No meio do caminho, Ayrton Senna e a Honda se encontraram, e dali nasceu uma parceria que transformaria a história de ambos na Fórmula 1.
O projeto começou a tomar corpo quando a Honda fechou contrato para fornecer motores à Williams. A negociação da montadora para transmissão da Fórmula 1 na TV aberta japonesa no final de 1985 incluiu uma contrapartida: a Honda deveria ter um herói. O jovem brasileiro, em sua segunda temporada na F-1, já pela Lotus, era o personagem que eles procuravam. Começava assim uma das relações mais vitoriosas da história do esporte.
Naquela época, a Honda tinha a Williams e a Lotus como clientes, e não estava contente com a maneira como o time inglês administrava a rivalidade interna entre Nigel Mansell e Nelson Piquet - o que tinha custado um título em 1986. Foi a brecha que a McLaren viu para fisgar os motores japoneses, considerados os melhores da era turbo.
Sabendo das limitações da Lotus, a Honda então impôs a ida de Senna à McLaren como condição para fornecer os motores aos ingleses, deixando o então primeiro piloto da equipe, Alain Prost, sem muita opção. Naquele momento, a vantagem do motor japonês era calculada em mais de 1s por volta, uma vida em se tratando de F-1.
Junte-se a isso um carro espetacular e os dois melhores pilotos do grid, e a McLaren venceria 15 das 16 provas de 1988, e ainda seria campeã nos três anos seguintes.
Ayrton Senna teria, assim, seu tricampeonato, e se tornaria o herói que os japoneses buscavam.