Faltavam dois meses e seis dias para o Palmeiras completar 17 anos sem títulos quando Evair correu de braços abertos para uma das bandeiras de escanteio do Morumbi depois de balançar as redes do goleiro Wilson.
Mais de uma dezena de milhões de alviverdes estavam naquele momento libertos por aquele que era o quarto gol do time na goleada sobre o Corinthians que faria do Verdão o campeão paulista de 1993. Mas se é verdade que se oficializou ali, também é fato que a conquista começou muito antes.
O Plano Cruzado, pacote econômico de José Sarney, teve papel decisivo na conquista. Foi por causa dele que Gianni Grisendi, presidente da Parmalat para a América Latina, conheceu Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, secretário de politicas econômicas do primeiro presidente civil do Brasil em 22 anos.
E num almoço em São Paulo, surgiu o embrião do maior experimento de marketing do futebol brasileiro —único em seu formato, ainda mais singular na amplitude de seu sucesso. Palmeiras e Parmalat tiveram uma co-gestão do futebol do clube. Mas, na prática, o que houve naqueles oito anos foi uma simbiose, quase uma fusão, para muito além do dinheiro dos investimentos e até dos títulos.
A Parmalat foi muito mais que um patrocinador, um parceiro do Palmeiras. A multinacional foi e é parte também da história afetiva do clube. Uma empresa italiana como o Palestra Itália, que estendeu a mão e os dólares a um fratello que precisava de alguém para lhe guiar de volta às conquistas. E que, não à toa, ainda é venerada por torcedores que veem naquelas letras azuis e depois brancas, cravadas no manto verde, o sinônimo de Palmeiras campeão.