Nos anos 1990, a camisa 7 do Grêmio ganhou novas formas e cores. O legado do ídolo Renato Gaúcho foi transferido a um menino de cabelos loiros, que misturava a extravagância fora de campo e as diabruras com a bola no pé para arrancar largos sorrisos até do sisudo Luiz Felipe Scolari.
Paulo Nunes faturou dois títulos do Campeonato Gaúcho, um Campeonato Brasileiro e uma Copa do Brasil pelo Grêmio ao longo de três temporadas. Mas essa jornada vitoriosa pelo Olímpico teve como ponto mais alto a Copa Libertadores da América de 1995. Ali, o garoto de Pontalina, interior de Goiás, se descobriu gente grande - sem imaginar que ainda havia muito a conquistar na carreira.
"Eu saí do Flamengo em janeiro de 1995, fui praticamente dado, jogado pro Grêmio. Mas isso acabou sendo meu recomeço. Eu vinha de uma contusão seríssima de joelho, ligamento cruzado. Ou arrebentava ou só ia cair no futebol. Eu estava totalmente mentalizado para triunfar", relembra o agora comentarista do Grupo Globo, em um papo especial com o UOL Esporte.
No fim, tudo correu perfeitamente bem. Do medo de fracassar se formou o Paulo Nunes "Diabo Loiro", craque de bola, multicampeão por Grêmio e Palmeiras e um personagem histórico, carismático tanto pelas danças e máscaras que apareciam em suas comemorações de gols como pela agitada vida fora dos gramados.
"Na minha vida, uni o útil ao agradável. E tudo começou em Porto Alegre, uma cidade nova para conhecer festas e ser extrovertido como sempre fui. O povo gaúcho me abraçou e esse carinho é recíproco até hoje. Eu trabalhava muito, mas também aproveitava bastante. Sempre achei tempo para me divertir, nunca fui um workaholic. E saber a hora certa para fazer as coisas é bom demais", receita.