Uma incrível coincidência me levou a encontrar Pepe, o Canhão da Vila, segundo maior artilheiro da história do Santos. "E primeiro entre os terráqueos, porque o Pelé é de outro planeta", ele costuma dizer. Fui conversar com Didi na histórica barbearia, localizada nas proximidades da Vila Belmiro, e quem estava sentado na cadeira naquele momento era justamente Pepe. Seu nome fazia parte da lista das entrevistas essenciais que eu ainda teria que fazer.
O detalhe mais incrível eu saberia logo a seguir. Foi quando Pepe contou que era ali que ele estava, cortando o cabelo com o jovem Didi, 56 anos antes, quando um certo menino franzino chegou de Bauru. Os dois se apresentaram. "Ele apertou firme a minha mão e pensei: pelo menos personalidade esse garoto tem!", lembrou Pepe — que, aos 22 anos, já era um jogador famoso.
Pelé vestia um terno azul-marinho feito pela mãe, dona Celeste, e confessou aos novos amigos que estava usando calça comprida pela primeira vez. Cortou o cabelo depois de Pepe e pediu a Didi um topete, para ficar parecido com o pai.
"Acho que o corte ficou do jeito que ele imaginava, porque nunca mais me largou", brincou o barbeiro.