Até 2009, Pep Guardiola era um ex-volante (dos bons, diga-se de passagem) que tentava iniciar carreira como técnico. Em pouco tempo, o homem que escutou Johan Cruyff por anos no vestiário do Barcelona mostrou que iria desafiar a mesmice vigente. Ao ver essa história em perspectiva, uma data desponta como uma espécie de "marco zero".
Era 2 de maio de 2009 quando o Barcelona visitou o Real Madrid no Santiago Bernabéu e aplicou uma histórica goleada por 6 a 2 pelo Campeonato Espanhol. Sim, um placar deste tamanho, bem na casa do maior rival. Era a primeira pílula do que vemos há dez anos: o Guardiolismo dali nasceu e se reinventou até a versão atual no Manchester City.
O apego aos detalhes, a análise aprofundada do adversário e as adaptações do próprio conceito marcam Guardiola. Ainda naquela primeira temporada, o catalão ganhou seis títulos com o Barça e começou a revolucionar o futebol do ponto de vista tático.
As sensações daquele 2 de maio em Madri atingiram o ápice em Roma, com Lionel Messi como protagonista do título da Liga dos Campeões de 2009, premiando precocemente o trabalho detalhista de um "doente" por estratégia do esporte.
Esta filosofia, a ser detalhada nesta reportagem, se inspira em certos momentos em detalhes do futebol brasileiro. Quem conta é Pepe, craque do Santos, parceiro de Pelé e testemunha da formação do perfil de técnico mais cultuado da atualidade.