Jogar contra as grandes estrelas é o desejo de qualquer atleta de futebol. Imagina duelar dentro das quatro linhas com o Rei do futebol? Mas o que era para ser a realização de um sonho mudou para sempre a trajetória do zagueiro Procópio Cardoso. Para o pior.
Em uma partida em 13 de outubro de 1968, Procópio e Pelé dividiram uma bola. O cruzeirense ganhou e, na sequência, driblou o camisa 10 do Santos. Pelé não perdoou. "Ploc", rangeram os ligamentos do joelho esquerdo do defensor. A dor foi tão forte que o zagueiro desmaiou. Espectadores daquele jogo garantem que o barulho que a lesão causou foi tão alto que foi possível ouvir das arquibancadas do Morumbi.
"Pelé quebrou a minha perna covardemente, eu preciso dizer isso. Covardemente, covardemente. Eu digo isso em bom e alto som. Eu tirei a bola com a perna direita, a perna esquerda apoiada no chão, e ele foi no meu joelho. Houve ruptura em tudo, do tendão rotuliano. A minha rótula foi parar na minha virilha", contou Procópio, atualmente com 81 anos, ao UOL Esporte.
Aquele fatídico 13 de outubro foi apenas o primeiro dos 1.869 dias em que o zagueiro ficou afastado do futebol. Desses cinco anos, passou mais de três internado em um hospital. O joelho jamais foi o mesmo, mas a força de vontade do jogador, que hoje se define como "aleijado", foi mais forte. E a bola voltou a rolar.