É um clichê do futebol brasileiro quando o goleiro se esforça muito para fazer uma defesa, mas passa longe de impedir o gol: ele não saiu na foto. Atualmente é possível aplicar o ditado no sentido metafórico, e quem está fora de quadro são os jovens que atuam nesta posição no país.
O Campeonato Brasileiro de 2020 mostra a maior média de idade dos goleiros na década no recorte de dez rodadas. De 34 jogadores usados pelos 20 clubes, só 12 têm menos de 30 anos — aproximadamente 35% do total. E mais: hoje, há só cinco goleiros nesta faixa de idade que são titulares (Jean, João Paulo, Luan Polli, Tadeu e Tiago Volpi), e poucos como reservas imediatos.
Aí você pode pensar: 'ok, mas goleiro é posição de confiança, é normal só jogar com certa experiência'. E não é mentira. Mas esse "envelhecimento" da posição no Brasil ocorre simultaneamente à debandada de goleiros mais jovens no mercado da bola. Sem espaço nos clubes (muitas vezes nem entre os suplentes), eles exploram o futebol internacional atrás da chance de atuar cedo e não sair do radar da seleção brasileira — foi o caminho que Ederson (Manchester City), que foi para a Copa do Mundo aos 25 anos (hoje tem 27), tomou.
Um exemplo recente mostrado nesta reportagem do UOL Esporte: de três goleiros convocados para a seleção sub-20 no Sul-Americano do ano passado, dois já deixaram o país e o outro é hoje a quarta opção de seu time na Série A (e quer sair). Isso mostra que o mercado nacional é restrito para goleiros jovens e não preza pela renovação no setor, o que tem suas partes boas e ruins. Para usar outro clichê: um grande time começa com um grande goleiro. No Brasil, o caminho é mais fácil se ele nasceu antes de 1990.