Destaque do Guarani em 1986, o recém adulto Craque Neto, de 20 anos, passou brevemente pelo Bangu. O jogador, que viria a ser ídolo do Corinthians na década seguinte, viveu três meses nos gramados da zona oeste do Rio de Janeiro. Assim que pisou em Moça Bonita, Neto foi encontrar Castor de Andrade, o patrono do clube, na sala da presidência. Além das boas vindas, recebeu as luvas da negociação. Para sua surpresa, em uma mala de dinheiro vivo.
Neto manifestou, então, o receio de andar pelo Rio de Janeiro abonado. Castor achou graça: "Fique tranquilo, meu filho. Aqui ninguém vai mexer com você", disse, num sorrisinho de canto de boca.
Patrono do Bangu, Castor de Andrade investiu tanto dinheiro no clube da zona oeste que o transformou em uma das grandes potências do futebol brasileiro dos anos 1980. A questão é que os fundos para esse investimento vinham do jogo do bicho —contravenção da qual Castor foi um dos maiores expoentes no país.
Naquela época, bicheiros como ele faziam suas próprias regras —e ai de quem não as respeitasse! O poder estava enraizado em todas as esferas da sociedade. Incluindo o futebol.