Andrés Sanchez, então presidente do Corinthians, tentou nove vezes ligar para Juvenal Juvêncio, que ocupava a presidência do São Paulo. Nas nove vezes, a ligação caiu na caixa postal. Nenhuma das tentativas foi retornada. "Enquanto eu for presidente, o Corinthians não joga mais no Morumbi. A não ser, claro, quando for mando do São Paulo", disse Andrés Sanchez em 14 de fevereiro de 2009 após ser reeleito presidente do Corinthians.
As nove ligações e a vitória da eleição foram marcantes: terminava ali a era do Morumbi como um estádio de todos no futebol paulista. Foi assim que a cidade de São Paulo perdeu o seu Maracanã.
A frase de Andrés e a ruptura tiveram origem em um clássico entre Corinthians e São Paulo que ainda não tinha sido realizado. Dias antes, o Tricolor anunciou que não liberaria 50% da carga de ingressos para o clássico que ocorreria no dia seguinte à eleição do Timão no Morumbi. Os corintianos teriam de se contentar com os 10% do regulamento.
A decisão partira de Juvenal e ia contra um acordo entre os rivais: o Corinthians mandava seus grandes jogos no Morumbi, pagando aluguel ao São Paulo, e, em troca, tinha direito a 50% da carga de ingressos para seu torcedor nos clássicos realizados no estádio.
Com apenas 10% dos ingressos, o Timão abandonou de vez o Morumbi em favor do Pacaembu — movimento que seria seguido pelos demais rivais.
A partir dali, o estádio perdeu a cara de campo neutro que tinha. E virou a casa, apenas, do São Paulo.