Era uma noite de jogo decisivo do Golden State Warriors nos playoffs da NBA, mas Steve Kerr entrou revoltado na sala de imprensa lotada. O treinador não quis saber de falar sobre basquete. Os EUA viviam o luto do massacre que havia deixado 21 mortos poucas horas antes, em uma escola do Texas, e Kerr não aguentava mais. Os dois minutos de fala inflamada, segurando as lágrimas, rodaram o mundo como um desabafo indignado contra a violência armada.
O treinador sabia do que estava falando. Ele teve o pai assassinado a tiros em um ataque terrorista no Líbano nos anos 1980, e a cicatriz moldou sua visão sobre armas de fogo. Hoje, Steve Kerr tem não só uma das carreiras de maior sucesso da história da NBA, mas também a consciência de que, na maioria das vezes, importa mais o que acontece do lado de fora das quadras.
"Quando faremos alguma coisa? Estou cansado de vir aqui oferecer minhas condolências às famílias devastadas. Me desculpe, mas estou cansado dos minutos de silêncio. Chega!"
A história de Steve Kerr mal cabe em sua própria vida. Ele nasceu no Líbano, de onde saiu praticamente fugido; perdeu o pai aos 18 anos e foi herói de um título do Chicago Bulls de Michael Jordan (com quem, aliás, chegou às vias de fato). Como treinador, é parte fundamental de um movimento mudou completamente a NBA com um jogo focado nos arremessos de três.
Kerr agora disputa a 11ª final de NBA de sua vida, a sexta como treinador dos Warriors. O jogo 1 contra o Boston Celtics começa às 22 horas (de Brasília) de hoje (2), em San Francisco. Os próximos são domingo (5), quarta (8) e sexta-feira (10).